O Tribunal de Contas da União (TCU) vai realizar fiscalização de urnas e reunir dados dos boletins no dia da eleição para usar como comparação e argumento caso as Forças Armadas apontem fraude. O caso está sendo chamado de “fiscalização da fiscalização”.
O plano foi informado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) depois de Jair Bolsonaro falar, mais uma vez, que qualquer resultado diferente de sua vitória em primeiro turno significará uma fraude nas eleições.
Sob ordem de Bolsonaro, as Forças Armadas irão realizar uma contagem paralela dos votos a partir dos boletins de urnas divulgados pelo TSE. A estimativa é que sejam verificadas 300 seções.
O TCU, se antecipando a qualquer acusação por parte de Jair Bolsonaro, vai realizar uma auditoria para verificar se a quantidade de votos realizados em uma seção é igual ao registrado pela urna.
Além disso, técnicos do TCU vão recolher 40 boletins de todos os Estados para comparar com os números divulgados pelo TSE, totalizando 1.080 urnas.
Serão realizadas auditorias em 4.161 urnas durante o primeiro turno das eleições, mobilizando mais de 200 auditores para a tarefa.
O TCU também enviou, na quinta-feira (22), questionamento para o Ministério da Defesa sobre a contagem paralela que vai realizar. O Tribunal pediu para a Defesa confirmar a realização da contagem e quais os critérios e objetivos disso.
Também questionou se o plano é comparar o resultado da apuração paralela com o da oficial, quais testes de integridade o Exército pretende realizar e o que será feito caso sejam observadas diferenças.
“Considerando a importância de acompanharmos a atuação de agentes chaves que de alguma forma participem do processo eleitoral, necessitamos saber se tal procedimento será executado pelas Forças Armadas e caso a resposta seja positiva, solicitamos as seguintes informações”, disse o TCU no documento enviado à Defesa.
“O que se pretende avaliar, isto é, se o objetivo é meramente comparar BU [boletins de urna] físicos com os resultados divulgados, ou se pretende-se extrapolar os resultados eleitorais amostrais para comparar com o resultado oficial da eleição, ou outro tipo de verificação”, continua.
“Em sendo identificadas divergências, quais testes substantivos serão aplicados para evidenciar ou refutar os achados”.
O TCU deu cinco dias para que o Ministério da Defesa responda os questionamentos.