O ex-presidente Michel Temer desmentiu Jair Bolsonaro e disse que não houve nenhuma “condicionante” combinada com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para a carta de recuo divulgada depois do 7 de setembro de 2021.
Segundo Temer, as conversas para apaziguar a situação depois da ameaça golpista de Jair Bolsonaro “se desenvolveram em alto nível como cabia a uma pauta de defesa da democracia”.
“Não houve condicionantes e nem deveria haver pois tratávamos ali de fazer um gesto conjunto de boa vontade e grandeza entre dois Poderes do Estado brasileiro”, continuou.
A declaração se contrapõe à manifestação feita por Jair Bolsonaro de que Alexandre de Moraes teria descumprido um acordo feito na época.
Bolsonaro falou que foram combinadas, em ligações telefônicas, “umas certas coisas para assinar aquela carta. Ele não cumpriu nenhum dos itens que eu combinei com ele”.
“Logicamente, eu não gravei essa conversa por questão de ética, jamais faria isso, mas digo que o Alexandre de Moraes não cumpriu uma só das coisas que acertamos naquele momento para assinar aquela carta”, continuou.
A carta foi divulgada no dia 9 de setembro de 2021, tendo sido escrita por Michel Temer e assinada por Jair Bolsonaro.
Dois dias antes, em uma manifestação na Avenida Paulista, onde seus apoiadores pediam um golpe de Estado e um novo AI-5, Jair Bolsonaro tinha xingado Alexandre de Moraes de “canalha” e falado que não iria mais cumprir suas decisões judiciais.
No documento divulgado, Bolsonaro dizia que suas “palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento”.
Leia a nota divulgada por Michel Temer desmentindo Jair Bolsonaro:
“Em relação à declaração de hoje do Senhor presidente da República sobre a assinatura da carta de 9 de setembro, tenho o dever de esclarecer que fui a Brasília naquela oportunidade com o objetivo de ajudar a pacificar o país e restabelecer o imperativo constitucional da harmonia entre os Poderes.
As conversas se desenvolveram em alto nível como cabia a uma pauta de defesa da democracia.
Não houve condicionantes e nem deveria haver pois tratávamos ali de fazer um gesto conjunto de boa vontade e grandeza entre dois Poderes do Estado brasileiro. Mais do que nunca, o momento é de prudência, responsabilidade, harmonia e paz”.