O resultado dos ensaios clínicos com a vacina chinesa CoronaVac testam em 9 mil pessoas no Brasil comprovou a segurança do imunizante. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (19) pelo governador de São Paulo, João Doria, e pela equipe do Instituto Butantan.
“Os primeiros resultados dos estudos clínicos realizados no Brasil comprovam que, entre todas as vacinas testadas no país, a CoronaVac é a mais segura, a que apresenta os melhores e mais promissores índices no Brasil. É, de fato, a vacina mais avançada neste momento”, declarou o governador.
Segundo Doria, a vacina desenvolvida em parceria com o Butantan foi a que apresentou menor índice de efeitos adversos e melhores resultados até o presente momento. “A vacina do Butantan foi a que apresentou menor índice de efeitos adversos e melhores resultados até o presente momento”, disse o governador.
Os resultados dos testes de segurança da vacina serão enviados à ANVISA para o início do processo de registro do imunizante. Segundo o governo de SP, as conclusões dos testes de imunização deverão ser apresentadas entre novembro e dezembro.
Os testes da 3ª fase da vacina contra o coronavírus do laboratório chinês Sinovac Biotech, em parceria com o Instituto Butantan, começaram no dia 21 de julho.
Na primeira dose, 19% relataram ter tido dor no local da aplicação e 15% dor de cabeça. Na segunda dose, 19% tiveram dor no local da aplicação, 10% dor de cabeça e 4% fadiga. Só 0,1% dos voluntários apresentou febre baixa.
Segundo o governo de São Paulo, os estudos foram feitos com profissionais que atuam na área de saúde, no atendimento a pacientes com Covid-19. Eles estão recebendo acompanhamento em 16 centros de pesquisa, distribuídos por sete Estados e em Brasília.
Nesta última etapa, iniciada neste mês de outubro, os testes também foram ampliados para voluntários idosos, gestantes e portadores de comorbidades.
“As outras reações foram insignificantes do ponto de vista estatístico. O mais frequente foi dor de cabeça, que pode ter relação com vacina ou não. Os outros sintomas foram muito baixos”. “A vacina Butantan é a mais segura em termos de efeitos colaterais. É a vacina mais segura neste momento não só no Brasil, mas no mundo”, afirmou Dimas Covas, Diretor do Instituto Butantan.
Segundo Dimas Covas, os dados são semelhantes ao apresentado por estudos realizados na China, no qual 94,7% dos mais de 50 mil voluntários que participam de teste não apresentaram efeito adverso.
“As manifestações clínicas adversas são muito leves, não tivemos nenhuma manifestação clínica que tenha exigido uma atenção médica maior. Então, é um perfil de segurança muito apropriado. Nós aguardamos o fim dessa fase de estudos, obviamente que é um estudo clínico que ainda demanda outras fases, principalmente a fase de eficácia, e que nós aguardamos aí até o fim do ano que possa ocorrer a demonstração da eficácia para que a nossa Anvisa possa registrar a nossa vacina”, disse diretor.
“Nós estamos caminhando aqui no Brasil muito rapidamente nesse estudo clínico. Nós já concluímos aí quase já 12 mil vacinações [feitas em nove mil voluntários] e as manifestações clínicas adversas são muito leves, não tivemos nenhuma manifestação clinica que tenha exigido uma atenção médica maior. Então é um perfil de segurança muito apropriado”, disse Dimas Covas nesta segunda.
A previsão do governo de iniciar a campanha de vacinação contra a covid-19 em dezembro em São Paulo pode atrasar. “As perspectivas são otimistas, mas não podemos dar data precisa de quando isso vai acontecer. Esperamos que até o final desse ano”, declarou Dimas Covas.
Questionado se é possível dizer que a vacina começará no dia 15 de dezembro como anunciado anteriormente, Covas respondeu: “Não. Não creio”.
VACINA PARA TODOS OS BRASILEIROS
Doria negocia com o governo Bolsonaro para que a CoronaVac receba verba federal para ser distribuída pelo SUS. Mas o governo federal tem postergado o apoio ao imunizante.
No último dia 14, o Ministério da Saúde fez a apresentação do cronograma de vacinação contra a Covid-19 no país, que vai começar em abril de 2021 e apenas a vacina de Oxford, que está sendo desenvolvida em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em acordo firmado pelo governo federal estava no planejamento deixando de lado a vacina do laboratório chinês com o Instituto Butantan.
Após o anúncio da pasta, o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass) enviou uma carta ao ministro Eduardo Pazzuello para que a Coronavac seja incluída no cronograma, sob temor de que o imunizante não esteja sendo considerado para a distribuição nacional por questões políticas, uma vez que Bolsonaro vê Doria como um inimigo político.
O governador de São Paulo já prometeu que toda a população do estado vai receber a vacina contra a Covid-19. Ele disse que há um “plano alternativo” para o estado de SP, caso não haja acordo com o governo federal para a distribuição nacional.
Nesta quarta (21), Doria terá uma reunião com o ministro de Saúde para tentar avançar na parceria para produção e distribuição da vacina.
PAZ, AMOR E VACINA
Diferente de Doria, Bolsonaro disse a apoiadores que o governo federal não vai tornar a vacina contra a Covid-19 obrigatória e reforçou que a decisão cabe a ele e ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Sem citar o nome de Doria, que afirmou que tornará obrigatório o imunizante contra a Covid-19 para a população de SP, Bolsonaro disse que tem “um governador que está se intitulando o médico do Brasil”.
Em resposta, Doria afirmou: “Quero agradecer o presidente Bolsonaro me qualificando como médico do Brasil. Agradeço o presidente porque eu confio nos médicos e ontem [domingo] foi o Dia do Médico. Portanto, qualquer referência a mim como médico, ainda que não seja médico, só me distingue porque acredito na medicina e nos médicos”, afirmou o governador em coletiva, no Palácio dos Bandeirantes.
Doria disse ainda que o Brasil precisa “mais do que nunca de paz, amor e vacina para salvar os brasileiros”. “Como eu sou a favor da paz, do amor e da vida, eu entendo que a vacina deve ser aplicada a todos os brasileiros”, respondeu, ao ser questionado sobre a declaração de Bolsonaro de que o governo federal não obrigará a população a tomar a vacina.
O governador ressaltou que não está em uma corrida eleitoral, se referindo à disputa presidencial de 2022. “Nós estamos em uma corrida pela vida. Eu estarei do lado dos médicos que querem salvar vidas”, acrescentou.
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