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Novo líder de Bolsonaro se descreveu como um “político de resultados”. “Essas ilegalidades que foram cometidas pela Lava Jato serão passadas a limpo”, prometeu
O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), ex-ministro da Saúde do governo Temer, e novo líder do governo Bolsonaro na Câmara, se somou a Augusto Aras nos ataques à Operação Lava Jato. “A Lava Jato está sendo combatida até pelo procurador-geral da República”, disse ele.
“O estilo Lava Jato de implementar as questões judiciais não tem amparo na legislação e nem na Constituição”, acrescentou o novo articulador de Bolsonaro, ressaltando que ele é “um político de resultados”.
“Essas ilegalidades que foram cometidas pela Lava Jato serão passadas a limpo num determinado momento, sem prejuízo do resultado do combate à corrupção que foi estabelecido e é louvável”, prosseguiu o mais novo integrante da claque bolsonarista. Ele foi anunciado como novo líder na quarta-feira (12), através das redes sociais.
Bastante solto com o novo rearranjo dos esquemas e pronto para atingir logo os seus “resultados”, Ricardo Barros ironizou o combate à corrupção. “Eu penso que o Congresso avançou, aprovou medidas novas de combate à corrupção. Não vejo que nós tivéssemos que nos curvar à visão de alguém ou de um grupo de pessoas que queiram impor à sociedade um sistema de justiceiros e não de Justiça. O Zorro é um herói, mas um dia o Sargento Garcia pega ele”, disse ele.
Os “resultados” a que o novo aliado de Bolsonaro faz referência são bem conhecidos do Ministério Público. Barros é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de improbidade administrativa. O MPF denunciou o deputado de improbidade administrativa cometida durante sua gestão no Ministério da Saúde, no governo Temer, em oito processos de compra sem licitação.
Em um dos casos, o novo líder do governo Bolsonaro autorizou que fossem pagos R$ 19 milhões para uma empresa que não entregou os medicamentos, conforme mandava o contrato. Barros foi também vice-líder e fez parte da base aliada de Dilma Rousseff.
Segundo os procuradores, Barros tinha total conhecimento do não cumprimento do contrato. “As investigações apontaram que o favorecimento das empresas partiu do ex-ministro Ricardo Barros, que determinou que todos os processos de compra por ordem judicial passassem por seu crivo direto”, disse o MPF.
O parlamentar discorda de quem diz que o governo Bolsonaro já se afundou no “toma-lá-dá-cá” quando mudou sua estratégia na relação com o Poder Legislativo. Nós somos “um conjunto de partidos que atua conforme o nosso sistema de governo, que é o presidencialismo de coalizão”, justifica.
“Tenho capacidade de articulação porque sempre fui líder e vice-líder de governo durante todos os meus mandatos. Fora a gestão Temer, em que fui ministro. Então, acredito que vou poder contribuir com esse trânsito adquirido ao longo dos anos com os parlamentares para fazer avançar as pautas do governo na Câmara dos Deputados”, explicou o deputado para quem vale a máxima “há governo, estou dentro.”
O deputado já apontou que políticas deve defender no novo cargo. Ele reclamou que há muito orçamento vinculado. “Noventa e seis por cento das receitas do governo são vinculadas. Então, já está dito pela legislação onde tem que gastar: Saúde, Educação… Essas são despesas vinculadas”, afirmou.
“Nós precisamos agora ampliar a quantidade de recursos livres que o governo tem para poder avançar. O governo precisa investir, precisa de infraestrutura, precisa colocar o país mais competitivo”, prosseguiu, deixando clara sua posição de aumentar a desvinculação das despesas com Saúde e Educação. Leia-se diminuir essas despesas. Aliás, já é o que Bolsonaro está fazendo ao cortar R$ 4 bilhões do Ministério da Educação no orçamento do ano que vem.