“O país está com uma política de Saúde Pública sem qualquer apoio racional do presidente. O responsável pelo desastre é ele”, afirmou o general
O general Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria do Governo e um dos militares mais respeitados do país, fez duras crítica ao comportamento irresponsável de Jair Bolsonaro frente à pandemia de Covid-19 que já matou quase 265 mil brasileiros. “Sempre tem um responsável pelas coisas. O responsável é o presidente. Aquele que é eleito, ele tem que saber que ele é o responsável”, disse o general, em vídeo publicado esta semana.
Santos Cruz afirmou que “essa é uma pandemia que é absolutamente mal coordenada, mal liderada, sem liderança nenhuma desde o início”. “Disseram que o STF não deixava trabalhar e aí o responsável é o prefeito, é o governador. Daí veio a politização do medicamento, não conseguiram discutir tecnicamente os assuntos”, acrescentou o militar.
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Em sua opinião, “o país está com uma política de Saúde Pública sem qualquer apoio racional do presidente”. “O governo não assumiu a liderança. E eu coloco acima de tudo a falta de liderança, de não saber conduzir o processo, de não querer conduzir o processo e a permanente sabotagem e tentativa de desmoralização de todas as medidas tomadas”, apontou o general. “Houve erro? Houve erro. Então o presidente devia dizer ‘eu sou o responsável por causa disso e disso'”, sentenciou.
Santos Cruz disse que é difícil avaliar a responsabilidade do Pazuello (Ministro da Saúde) por esse desastre que é a administração da pandemia. “Porque você tem uma autoridade que todo dia tenta desmoralizar a vacina”, destacou.
“Não tem problema você aproveitar alguns militares em seu governo. Não tem problema nenhum, você tem algumas pessoas que têm capacidade para auxiliar em um plano de governo. Mas você não pode deformar a representação social nos diversos escalões”, disse o general.
“A percepção da população é de que as Forças Armadas estão comprometidas com a prática de governo. E uma prática de governo que não tem nada de admirável”, observou o ex-ministro. “Uma prática de governo que tem crise todo dia – não é nem crise, que tem show todo dia. Então não é bom você confundir isso aí com as Forças Armadas”, prosseguiu Santos Cruz.
“Não tem nada de mais o presidente substituir o presidente da Petrobrás. O problema não é trocar, nem por quem trocar. O problema é o show. Se você faz uma troca e mostra a nova estratégia…” “Não, mas aí você troca, tem esse show todo. No outro dia milícia toda se mobiliza para dizer que o ex-presidente é um crápula, que não trabalha, que ganha muito, que não sei o que”, disse.
“Mas você não diz se a nova estratégia ser baixar o salário. Mais do que nunca, precisa se unir para não deixar ser arrastado para a política de governo. Não pode deixar. Isso aí é proposital, o governo tem tentado arrastar. Tem algumas vivandeiras aí que ficam empurrando as Forças Armadas para ser arrastada pela correnteza da política e o pessoal não pode e não vai deixar. Eu vejo que as Forças Armadas estão perdendo com isso”, finalizou o general.