Em assembleia realizada na noite desta terça-feira (17), os trabalhadores dos Correios de São Paulo e do Rio de Janeiro decidiram pela manutenção da mobilização contra a proposta de privatização da estatal (PL 591/21), que tramita no Senado, e pela garantia dos direitos da categoria.
“Temos agora a luta contra a privatização dos Correios. Como discutimos na nossa diretoria, na nossa Federação, não adianta ganhar 200% de aumento e amanhã, com a privatização, o trabalhador perder o emprego e não poder usufruir desse aumento. Além disso, mesmo com 200% a mais em nossos salários, ainda é pouco”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos de São Paulo (Sindect- SP), Elias Diviza.
Resgatando o papel social da empresa na entrega de vacinas, livros didáticos, na realização do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), entre outros serviços essenciais, Diviza enfatizou a importância da mobilização da categoria contra o PL 591.
“Essa é uma decisão das mais estratégicas para esse momento. A sociedade precisa dos Correios e do papel social que a empresa cumpre. Mas esse governo está sucateando a empresa. É hora de defender os Correios 100% público, com qualidade para todos os brasileiros e brasileiras. Se nossos empregos, nosso trabalho, são importantes para nossas famílias, ele também é muito importante para toda a população”, disse o sindicalista.
A decisão de manutenção do estado de greve segue a orientação da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Findect) que solicitou a mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST) nas negociações com a direção da empresa sobre a campanha salaerial, com primeira reunião de conciliação marcada já para a próxima quinta-feira (19).
“Nós fizemos o pedido de mediação ao TST, que foi aceito pelo Tribunal e aceito pela empresa. Nesse contexto, não podemos jogar fora nosso próprio trabalho, é uma questão de coerência e de responsabilidade”, explicou Diviza.
Os trabalhadores denunciam a precarização das condições de trabalho e os ataques sistemáticos do governo Bolsonaro e da direção da empresa aos direitos dos trabalhadores, que, ao invés de contratarem mais funcionários, têm tentado impor o banco de horas, no lugar do pagamento das horas-extras, e ainda pretendem não dar reajuste salarial algum, precarizando ainda mais as condições de trabalho da categoria.
“A convocação aos domingos está nesse contexto. A direção da empresa é tão contraditória que dispensou, no último PDI, quase dez mil trabalhadores, quando há falta de trabalhadores em quase todas as unidades. Temos entregas paradas e a direção da empresa tem aplicado punição aos trabalhadores [por essa condição]”, disse Douglas Melo, diretor do Sintect-SP.
Os sindicalistas reforçaram que o momento exige ampliação da organização e da mobilização da categoria, pois caso não haja avanço nas negociações mediadas no TST, a categoria terá de inevitavelmente discutir a realização da greve.