Trama golpista: STF julga nesta terça bolsonaristas denunciados por crimes contra a democracia

Ailton Gonçalves Moraes Barros (primeiro à esquerda) faz parte do grupo de réus que tem, entre outros, Ângelo Martins Denicoli e Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (Fotos: Reprodução - Redes sociais)


Trata-se dos comparsas de Bolsonaro do chamado “núcleo 4”, que reúne 7 pessoas, 6 desses militares. Caso a denúncia seja aceita, os acusados viram réus

O STF (Supremo Tribunal Federal) começa a julgar, nesta terça-feira (6), mais uma parte da denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre a trama golpista do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Desta vez, os 5 ministros que compõem a Primeira Turma do Supremo — Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux — julgam se recebem a parte da denúncia relativa a 7 acusados do chamado “núcleo 4” da tentativa de golpe de Estado.

Conforme o fatiamento da denúncia feito pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, os integrantes do “núcleo 4” foram responsáveis por ações estratégicas de desinformação, com o objetivo de desacreditar as urnas eletrônicas e o processo eleitoral, bem como constranger as Forças Armadas a aderirem ao complô golpista.

Uma das suspeitas é de que a estrutura da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e do Palácio do Planalto tenham sido utilizadas para avançar nos objetivos golpistas de gerar instabilidade social e intimidar quem se colocava contrário ao plano.

Todos investigados respondem por 5 crimes:

• organização criminosa armada;
• tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
• golpe de Estado;
• dano qualificado pela violência; e
• grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

Fazem parte deste núcleo os seguintes investigados:

Ailton Gonçalves Moraes Barros – major da reserva do Exército;
Ângelo Martins Denicoli – major da reserva;
Giancarlo Gomes Rodrigues – subtenente;
Guilherme Marques de Almeida – tenente-coronel;
Reginaldo Vieira de Abreu – coronel;
Marcelo Araújo Bormevet – PF; e
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha – presidente do Instituto Voto Legal.

JULGAMENTOS NA PRIMEIRA TURMA

Pelo regimento interno do Supremo, cabe às 2 turmas do tribunal julgar ações penais. Como o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, faz parte da Primeira Turma, a acusação é julgada por este colegiado.

Se a maioria dos ministros aceitar a denúncia, os acusados viram réus e passam a responder à ação penal no STF, na qual as defesas poderão ter acesso mais amplo ao material utilizado pela acusação e pedir a produção de novas provas, bem como apontar testemunhas.

CABEÇAS DA TRAMA GOLPISTA

Em 25 março, a Primeira Turma aceitou, por unanimidade, o trecho da denúncia relativo ao “núcleo 1”, tornando réus 8 denunciados apontados como responsáveis por encabeçar a trama golpista.

No chamado “núcleo 1” está incluindo Bolsonaro e generais da reserva do Exército que foram integrantes do alto escalão do governo anterior.

ASSESSORAMENTO JURÍDICO E INTELECTUAL

Em 22 de abril, o colegiado, também por unanimidade, aceitou a parte da denúncia contra 6 envolvidos do “núcleo 2”, que reúne os acusados de terem prestado o assessoramento jurídico e intelectual para o golpe.

O fatiamento da denúncia em 6 núcleos foi autorizado pelos ministros da Primeira Turma.

O procurador-geral, Paulo Gonet, justificou o procedimento como meio de facilitar a tramitação do caso sobre o golpe, que tem como alvo, ao todo, 34 pessoas.

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