Na véspera da eleição, Bolsonaro tentou impedir que cidades autorizem transporte gratuito de eleitores
O ministro Benedito Gonçalves, corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), classificou como “absurdo” um pedido da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o passe livre no transporte público no domingo, dia 2, data do primeiro turno das eleições.
A campanha de Bolsonaro entrou com uma solicitação contra a decisão dada na quinta-feira (29), pelo ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinando que o transporte urbano seja mantido em níveis normais no domingo e recomendado a adoção do passe livre em municípios em condições de adotar a medida no dia das eleições.
Bolsonaro foi ao TSE pedir que o tribunal impedisse municípios de oferecer transporte gratuito no 1º turno, a menos que já tenham lei que contemple o benefício.
Algumas capitais já anunciaram o transporte gratuito no dia das eleições. São elas: Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Porto Alegre, Porto Velho, Rio de Janeiro, Salvador e São Luís.
Gonçalves qualificou o pedido como “absurdo” e baseado em notícias falsas. Disse que a tese, de que a decisão de Barroso poderia levar à “organização de transportes coletivos” para beneficiar candidatos, pode causar tumulto no dia das eleições.
“O argumento descamba para o absurdo, ao comparar a não cobrança de tarifa para uso de transporte público regular, em caráter geral e impessoal, com a organização de transporte clandestino destinado a grupos de eleitores, mirando o voto como recompensa pela benesse pessoal ofertada”, afirmou.
Por fim, mandou o pedido ao MP (Ministério Público) para que o órgão adote medidas contra a circulação de “notícias falsas” similares no dia do 1º turno.
“O cenário descrito no pedido de providências, de risco generalizado de serem praticados crimes eleitorais nos centros urbanos com aval do STF, pode colocar pessoas de boa-fé em estado de alerta, trazendo insegurança, na véspera do pleito, quanto ao caráter lícito da gratuidade do transporte, onde for implementada, e quanto às consequências para gestores e eleitores”, prosseguiu Gonçalves.