Abertura do evento, que acontece de forma virtual contou com a participação de lideranças políticas e do movimento social de todo o país
Na noite desta quarta-feira (14), teve início o Congresso Extraordinário da União Nacional dos Estudantes que, devido a necessidade de distanciamento social, ocorre virtualmente reunindo estudantes do país inteiro para debater os rumos do país e a luta para derrubar Bolsonaro e seu governo. O fórum estudantil, que será realizado até o dia 18 de julho, começou com um ato político que contou com a participação de parlamentares, artistas, figuras políticas e entidades e movimentos sociais dos mais diversos setores.
O presidente da UNE, Iago Montalvão, na abertura das atividades afirmou a importância desse congresso extraordinário tem por objetivo a defesa da vida, da vacinação e da educação. “Esse ato político de hoje tem um intuito muito claro que é, primeiro, por óbvio, fazer a defesa da vida. Mas há um tema, uma bandeira que é a nossa razão de existir, que é a Educação”, disse.
“A Educação tem sido uma das áreas mais afetadas durante esse governo, por isso que não podíamos deixar de dar centralidade ao tema dos cortes que estão ocorrendo no orçamento das universidades e que afetam diretamente a assistência estudantil sem que houvesse nenhuma política do governo federal para mitigar os impactos da pandemia. Pelo contrário: as universidades públicas seguem vítimas dos cortes de verbas implementados pelo governo e são alvos de intervenções e tentativas de deslegitimação do papel fundamental que desempenham para a sociedade”, completou.
Renato Janine, presidente da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SPBC), lembrou do papel importante que a UNE cumpriu no combate a ditadura, organizando o movimento estudantil na universidade e “promovendo greves, passeatas, tudo que foi necessário para manter acesa a chama democrática. A UNE continua sendo muito importante para o Brasil.”
“A UNE é extremamente importante para democratizar a universidade e o país. Democratizar a universidade é, antes de mais nada, aumentar sua qualidade e seu alcance para àqueles que são excluídos. Não faz sentido que o Brasil gaste dinheiro, no caso das instituições públicas, ou os alunos no caso das instituições privadas, mas que sempre é dinheiro que de alguma forma vem do povo, para um ensino que tenha qualidade. Essa luta dupla, para termos mais qualidade e mais quantidade na educação, é uma luta fundamental que tem na UNE um de seus grandes pilares”, completou Janine.
Ciro Gomes, ex-governador do Ceará e vice-presidente nacional do PDT, lembrou do importante papel da UNE durante a história do nosso país que “em todos os momentos de crise nacional, o Brasil pôde contar e contou com a nossa UNE. Por isso, mais do que nunca, o Brasil precisa da energia e da coragem de vocês. Vocês foram às ruas contra fascistas, nazistas, entreguistas e golpistas e venceram! Todos eles foram para cima de vocês nas escolas, nas ruas e mesmo nas suas casas, e perderam. Tenho certeza de que é isso que vai acontecer outra vez. Aliás, que já está acontecendo. Sei que vocês não darão tréguas aos que estão corrompendo a nossa pátria.
Ciro afirmou, ainda, que este congresso é tão ou mais simbólico que o de reconstrução da UNE de 1979, em Salvador, “o congresso da luta pela reconstrução do Brasil, o congresso da grande arrancada para tirarmos o Brasil da maior crise da nossa história.”
Veja a abertura do Congresso da UNE:
O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Edward Madureira, afirmou que “é fundamental essa mobilização dos estudantes nesse momento em que a educação está subfinanciada em todos os seus níveis. Nas universidades vivemos o drama do corte de 18% na Lei Orçamentária Anual de 2021, o que inviabiliza o funcionamento pleno das universidades a partir do mês de setembro. É fundamental salvar as universidades, salvar esse ano, mas mais do que isso é fundamental salvar a ciência brasileira que tanto tem feito pelo país, que tanto tem feito pela sociedade e que pode fazer muito mais, desde que financiada adequadamente.”
A deputada federal baiana, Lídice da Mata (PSB), se solidarizou com a luta pela educação pública gratuita e de qualidade, a luta histórica dos estudantes brasileiros. “Nesse momento essa luta passa pela resistência contra os cortes de quase 20% do orçamento das universidades brasileiras, da ciência que sofreu um corte de quase 30% e da destruição proporcionada por este governo ao nosso modelo educacional. O caminho que nós temos é nos organizar para resistir a esse governo e exigir a sua saída”.
O senador Marcelo Castro (MDB-PI), presidente da Comissão de Educação do Senado, frisou que a recomposição orçamentária é uma pauta fundamental para a Comissão no Senado. “Fui presidente da Comissão do Orçamento, e lutei muito pela recomposição do orçamento da educação e da saúde. Agora, como presidente da Comissão de Educação, tenho como principal bandeira a recomposição dos recursos para essa área tão importante, não só para o presente, mas para o futuro do nosso país”, disse o senador.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) lembrou que a UNE levou centenas de milhares de pessoas às ruas em defesa da ciência e educação, nos Tsunamis da Educação, em 2019, defendendo não só a universidade pública brasileira, mas também “na luta somada com outros setores da sociedade contra a reforma da previdência, contra a tentativa de reforma administrativa – que está na pauta nesse momento – mas sempre também por democracia, por liberdade de cátedra, por liberdade de aprendizagem. Porque esse governo elencou a educação, a cultura e a ciência como alvos, como sempre foi alvo dos fascistas ao longo da história.”
O deputado federal Aliel Machado (PSB-PR), presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, disse que “precisamos unir todas as instituições e forças populares para exigir o cuidado com aqueles que mais precisam. O nosso país perde muito por atitudes criminosas do governo, mas tenho certeza que com mobilização de todos e com entidades como a UNE se mobilizando e unindo forças, faremos a diferença.”
“Nós não vamos desistir dos nossos direitos. Vamos mostrar que estamos numa só voz pela educação, pelos nossos direitos constitucionais, pela nossa diversidade, pelo respeito à vida do ser humano”, disse a deputada federal, Joênia Wapichana (Rede-AP).
A presidenta a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), Flávia Calé, resgatou as lutas da UNE que tem “em seu DNA a luta pela democracia em nosso país, perdendo diversos estudantes lutando pela democracia durante sua história, hoje corresponde ao chamado do povo brasileira para mais uma vez defender a democracia. Vida, pão, vacina e educação foi o lema que embalou nossa volta às ruas e é o lema que nos fará derrotar Bolsonaro, cedo ou tarde. A UNE é fundamental na construção política de uma frente ampla com o azul da UNE que assegura que todos tenham lugar na luta democrática, que assegura que todos têm lugar na defesa do Brasil contra o fascismo.”
Alfredo de Oliveira Neto, presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB) lembrou que a política criminosa de Bolsonaro “já levou a morte mais de 530 mil brasileiras e brasileiros, em sua maioria negras e negros, através da sabotagem às vacinas, desrespeito das medidas sanitárias e incentivo a aglomerações. Governo que cortou o auxílio emergencial deixando o povo no desemprego, na miséria e na fome. Precisamos nos unir contra esse estado de coisas, mobilizar o país em defesa da ciência e da educação.”
“Já passamos por momentos de crise até mais graves e, em todos esses momentos, a UNE se agigantou sempre apontando um caminho para superá-las. Mais uma vez vejo a UNE apontando o caminho de esperança em que todo o racismo, o negacionismo, o genocídio, o fascismo de Bolsonaro através da união de todos os brasileiros, construindo a mais ampla frente de nossa história”, completou Alfredo.
Bira lembrou que Bolsonaro não comprou vacina no ano passado para tentar arrancar propina na compra dos imunizantes “portanto, sabota a vida!”. “Era para ter 70 milhões de doses no ano passado, não comprou para poder comprar depois de seis meses uma vacina superfaturada para pegar propina para si próprio.”
“A UNE tem um papel fundamental na construção de uma frente ampla que reúna todos os brasileiros de bem, que defendam a democracia e que são contra a ditadura. De todos os partidos políticos, lideranças políticas, lideranças sindicais, os estudantes, os trabalhadores da saúde, todos os trabalhadores brasileiros e todos aqueles que querem uma democracia. Está na hora de juntar esse povo todo para isolar e derrotar o Bolsonaro e a gente poder ser feliz, ter um novo país”, completou Bira.
RODRIGO LUCAS