A Unicef, Fundo das Nações Unidas para a Infância, denunciou, na quinta-feira, 21, que os Estados Unidos expulsaram em dois meses pelo menos mil crianças de famílias de imigrantes – que são parte importante da mão de obra do país – para o México, El Salvador, Guatemala e Honduras, mesmo sabendo que eles vão ter problemas e inclusive forte discriminação por conta das suspeitas de que estariam supostamente contagiados de coronavírus.
Porém, aproveitando-se da pandemia para justificar sua política racista, a atitude do governo de Trump ignora que mais da metade dos trabalhadores da agricultura nos EUA é imigrante (tanto legais e ilegais), segundo estudo do Pew Research Center. No setor da construção civil, um quarto dos trabalhadores nasceu fora do país.
Durante muito tempo, os menores que chegavam até a fronteira dos EUA, embora de forma nada humanitária, eram alojados até que se determinasse se eles tinham um familiar dentro do país com quem pudessem ficar. Trump já separa menores de seus pais desde 2018 na tentativa de que a crueldade da medida servisse como dissuasão à imigração.
Segundo 0 Pew Research Center, cerca de 7.6 milhões de imigrantes trabalham sem documentos legais nos Estados Unidos, 4.6% da mão de obra do país. Os imigrantes servem principalmente no processamento de alimentos, na agricultura e em restaurantes, na construção e no cuidado de crianças.
Um estudo da Academia Nacional de Ciências revelou em 2016 que havia “poucas provas” de que os imigrantes afetassem o mercado de trabalho dos nascidos nos Estados Unidos. Até porque recebem salários e condições de trabalho abaixo da média.
A diretora executiva da UNICEF, Henrietta Fore, avaliou que a pandemia da Covid-19 está piorando ainda mais uma situação negativa, pois agora a discriminação e os ataques se somam a ameaças que já existiam antes. “Isto significa que muitas crianças que regressaram correm agora o dobro do risco e um perigo ainda maior que quando abandonaram suas comunidades”, assinalou.
As autoridades de imigração dos Estados Unidos que se ocupam da segurança e da aplicação da lei na fronteira e o Instituto Nacional de Migração do México ainda não se manifestaram sobre as colocações da organização internacional.
A UNICEF afirmou que estava fazendo esforços em toda a região para reforçar os sistemas nacionais de proteção da infância.