Os reitores das três universidades estaduais paulista (USP, Unicamp e Unesp) divulgaram um comunicado em que criticam a substituição de Benedito Guimarães Aguiar Neto pela advogada Claudia Mansani Queda de Toledo na presidência da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
A nomeação da advogada provoca críticas no meio acadêmico por fragilidades de seu currículo. Claudia Toledo é doutora em direito pelo Instituto Toledo de Ensino, de Bauru (SP), atualmente chamado de Centro Universitário de Bauru, que pertence à sua família. À época, Claudia atuava como reitora da instituição.
Os reitores afirmam que a qualificação técnica, o conhecimento abrangente sobre a pós-graduação e sobre o sistema de educação, além do currículo acadêmico, devem ser os critérios para a escolha de dirigentes desse tipo de órgão.
“A legitimidade para o diálogo institucional é pré-requisito para o sucesso das estratégias a serem definidas para qualificar e consolidar cada vez mais o sistema existente. Sem estes, como é o caso da presente nomeação, antevemos enormes dificuldades na gestão futura da Capes. E lamentamos profundamente que isto ocorra”, diz a nota assinada pelos.
No comunicado, os reitores afirmam que o Brasil é um dos poucos países latino-americanos com uma pós-graduação consolidada e com padrões internacionais de qualidade.
“As razões para isto são muitas, com especial destaque para duas iniciativas importantes e complementares que estruturaram a pesquisa no país: a criação do CNPq, como agência de fomento, e da Capes, como organizadora e avaliadora do sistema de pós-graduação brasileiro”, diz o documento.
Os reitores reafirmam o papel que a Capes possui no fomento da pós-graduação. “A partir da década de 1970, a Capes foi responsável por alavancar a pós-graduação, estimulando-a com fomento e bolsas, com a criação de cursos de mestrado e de doutorado e com a implantação de programas de formação de mestres e doutores nas Universidades Federais e Estaduais e, mais recentemente, contribuindo, também, para a formação de professores do ensino básico”, diz o documento.
O documento também reafirma o papel do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na consolidação da pesquisa nas universidades brasileiras e nos institutos de pesquisa, “tornando este sistema mais preparado para a formação de profissionais competentes”.
Os reitores enfatizam que “justamente por isto que, no momento atual, as universidades brasileiras estão sendo capazes de aportar soluções para os problemas causados pela pandemia da Covid-19 e, para estas soluções, os pesquisadores têm papel fundamental, dentre eles, os alunos de mestrado e de doutorado vinculados aos programas de pós-graduação das universidades e dos institutos de pesquisa brasileiros”.
“Por tudo isso, causa-nos preocupação as frequentes modificações na estrutura da Capes, em especial, as trocas de dirigente máximo desta instituição. Consideramos que esta função não pode estar subordinada às diretivas de alinhamento político”, complementa o documento assinado pelos reitores Vahan Agopyan (USP), Marcelo Knobel (Unicamp), Pasqual Barretti (Unesp) e Antônio Meirelles (reitor nomeado da Unicamp).
O atual ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, que nomeia o presidente da Capes, estudou no Instituto Toledo, onde esteve após assumir o cargo para ser homenageado. O ministro André Luiz Mendonça (Advocacia-Geral da União) também passou pela faculdade.