Encontro de grêmios reuniu lideranças de toda a cidade para reforçar a mobilização dos atos Fora Bolsonaro, a campanha de alistamento eleitoral e a luta em defesa da meia-entrada
A União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES) realizou no sábado (30) a Plenária de Grêmios da entidade para reforçar a mobilização pelos atos Fora Bolsonaro.
O encontro, que marcou a retomada dos eventos presenciais no o Cine-Teatro Denoy de Oliveira, contou com a participação de mais de 120 gremistas de 70 escolas da cidade de São Paulo.
O evento contou ainda com a participação de Fernando Guimarães, coordenador nacional do Movimento “Direitos Já!”; do deputado federal Orlando Silva (PCdoB); da a presidente do núcleo religioso do PSDB, Carolini Gonçalves; da coordenadora do Movimento Cientistas Engajados, Mariana Moura; do presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas, Hector Batista; Valério Bemfica, presidente do Centro Popular de Cultura da UMES (CPC-UMES).
Durante o encontro, os estudantes reforçaram a mobilização para os atos pela derrubada do governo Bolsonaro, a campanha de tiragem de títulos eleitorais da juventude e o recente ataque ao direito à Meia-Entrada no estado de São Paulo.
O diretor da UMES, Lucca Gidra, convocou os gremistas presentes na plenária a atuar na construção do Fora Bolsonaro, reforçando a luta em defesa da democracia e contra o negacionismo deste governo, que é responsável pela pior crise que o país já passou.
“Para vencermos este governo e derrotarmos Bolsonaro precisamos atuar também na campanha de tiragem de títulos eleitorais dos jovens. Nós já conseguimos fazer com que mais de 4 mil jovens garantissem sua participação nas eleições de 2022. Os jovens são os que mais rejeitam Bolsonaro e nós vamos vencer esta batalha”.
Ele destacou o veto do governador em exercício de São Paulo, Carlão Pignatari, ao projeto de lei que acaba com a meia-entrada no estado. “Precisamos agora garantir que esse veto seja mantido. Vamos nos mobilizar para defender o direito dos estudantes ao acesso à cultura e ao lazer”, destacou.
O deputado federal Orlando Silva destacou durante sua fala o papel dos jovens na defesa da democracia e saudou a participação das lideranças estudantis. “A emoção é pela esperança no futuro”, destacou Orlando.
O parlamentar, que também apoia projetos que são executados pela entidade, também criticou o negacionismo do governo assassino de Bolsonaro. Ele condenou os cortes na verba para o desenvolvimento científico do nosso país e convocou todos à luta em defesa dos direitos populares.
“O governo Bolsonaro está comprometido em ampliar a matança que comandou até agora. Não possui qualquer compromisso com o nosso povo. Precisamos impedir que este governo continue e trazer o nosso país de volta para o rumo da democracia”, destacou.
Orlando também destacou a conquista que o movimento estudantil teve com o veto ao projeto de lei que acabava com a meia entrada. “Eles votaram, acharam que a turma estava dormindo e, rapidamente, os estudantes, o Lucca à frente, o Hector, a Rozana, lideranças que ajudaram a construir esse veto. E vai ser bem bacana, quando a Assembleia Legislativa manter esse veto, aí o Arthur do Val vai assumir a condição de ‘Mamãe Chorei'”.
“Eu queria dizer para vocês que esses tempos tristes que o Brasil tem vivido vão passar. Todos aqui perderam alguém durante a pandemia: um parente, um vizinho, um amigo… Nós sabemos que já são mais de 600 mil pessoas mortas pela Covid. E temos também a chamada subnotificação, nem todas as mortes são notificadas, o que mostra que a tragédia que o Brasil vive é violenta demais”.
“A pandemia e o genocida, Bolsonaro e o vírus, tem arrebentado com conquistas que nosso país teve, fruto de muito tempo. Construir tudo que nós conquistamos deu um trabalho danado. Mas para destruir é muito fácil. Basta cortar o orçamento, por exemplo, e você já inviabiliza a manutenção de uma política pública”.
“No campo da ciência, eles praticamente acabaram com o orçamento de pesquisa no Brasil. Isso é inacreditável. Depois que o mundo percebeu que foi graças à ciência que a tragédia da Covid não foi muito maior. E eles tiveram a capacidade de cortar praticamente todo o orçamento, que já era uma mixaria, R$ 600 milhões já era uma mixaria. Não existe país forte no planeta que não faça investimento em ciência e tecnologia, na educação e na formação de pessoas. Eles estão fazendo tudo o que podem para impedir isso”.
DEMOCRACIA
Fernando Guimarães destacou que o papel que os estudantes tem a cumprir é o da mudança. “Precisamos radicalizar a democracia”, disse ele.
“Estamos num momento hoje que o Brasil passa por um divisor de águas. Nós erramos muito. Foram muitos erros acumulados de todas as partes. Mas chegamos num momento em que a reeleição de Bolsonaro pode significar um atraso que será muito difícil das instituições concertarem”.
“Diversas experiências internacionais mostram que não é no primeiro mandato que esses governos autoritários conseguem consolidar aquilo que eles querem implementar. O primeiro mandato é um momento onde eles sinalizam todas as rupturas. É no segundo mandato, com a legitimação de que foram reconduzidos que eles vem para passar o trator. Então temos agora um desafio muito grande e uma responsabilidade que pesa muito sobre nós. Precisamos fazer com que a sociedade compreenda esse processo”.
“O momento é muito dramático para a nossa história”, destacou Fernando. “Mas é justamente nesses momentos difíceis que a esperança move mais forte e pode trazer um sentimento de reação”.
“Nós vamos derrotar Bolsonaro. Se não através de um processo jurídico político, o impeachment, nós vamos derrotar ele nas urnas” ressaltou Guimarães.
Carolini Gonçalves, presidente do Núcleo Religioso e membro da executiva do PSDB da Cidade de São Paulo, também celebrou no ato a necessidade da união de todas as forças políticas contra o governo Bolsonaro.
“O que nos une é a pauta comum de acabar com o retrocesso que é o governo Bolsonaro. Não é a eleição de 2022, ou a ideologia política. Tem um cara que está contra a democracia, está contra as instituições e a gente precisa tirar ele de lá. Então quanto mais forças se unirem contra Bolsonaro, mais forte ficará a democracia”, destacou.
PROJETOS
Durante a plenária, também foram apresentados projetos que estão sendo apoiados e realizados pela UMES: o Projeto de Iniciação Científica WASH, e o Curso de Teatro da UMES.
Coordenadora dos Cientistas Engajados, a professora Mariana Moura, explicou o funcionamento do WASH (sigla de Workshop Aficionados em Software e Hardware) para os presentes. O projeto que é realizado em diversas cidades do país, conta com apoio da UMES na cidade de São Paulo.
A pesquisadora ressaltou a importância de se levar a ciência aos estudantes das escolas públicas da cidade de São Paulo, principalmente em tempos de combate ao negacionismo científico do governo Bolsonaro.
Segundo apontou Mariana, o WASH está se tornando o maior projeto de pré-iniciação científica do país, garantindo bolsas de assistência aos jovens pesquisadores em parceira com o CNPq, com recursos oriundos de emendas de parlamentares como o deputado Orlando Silva.
“São cerca de 50 estudantes contemplados neste ano de projeto. Eles desenvolvem projetos em parceria com pesquisadores da USP e professores orientadores e isso muda a realidade dos participantes”, destacou Mariana.
O presidente do CPC da UMES, Valério Bemfica, destacou em sua fala a vitória dos estudantes na defesa da meia-entrada. “Um direito conquistado graças à força dos estudantes de diferentes gerações”, afirmou.
Valério também apresentou a Oficina de Teatro realizada pela UMES em três regiões da cidade. São mais de 300 estudantes que realizarão o curso durante seis meses, com professores de altíssima qualidade e anos de experiência.
“Ao final do curso, as turmas apresentarão suas peças de encerramento, estão todos convidados para assistir os espetáculos”, disse Valério.