A integração de Manta no Equador com Manaus reduzirá tempo e custos desperdiçados atualmente com o Canal do Panamá, assinala o deputado amazonense
“Os presidentes Lula e Rafael Correa deram a largada no projeto bioceânico Manta-Manaus, que liga o Pacífico ao Atlântico, e contraria os interesses dos Estados Unidos, que quer a manutenção da nossa dependência via Canal do Panamá. Lula venceu afirmando a soberania e que a eleição de Luisa González, do movimento Revolução Cidadã, de Correa, representará a vitória do projeto integracionista no Equador e a derrota do Tio Sam”.
A afirmação do deputado estadual Sinésio da Silva Campos, líder do Partido dos Trabalhadores (PT) no Amazonas é esclarecedora sobre a batalha de ideias em curso “tanto lá como aqui, já que grupos econômicos teimam em conquistar vitórias eleitorais através da divulgação massiva de mentiras”. Por isso, propõe: “além de combatermos permanentemente as fake news, necessitamos investir em meios de comunicação independentes e de qualidade”.
Na avaliação do parlamentar, a mídia alternativa cumpre um papel chave para esclarecer a população sobre a transcendência de projetos como o Manta-Manaus, estratégicos para o desenvolvimento regional, nacional e continental. “Se fizermos uma pesquisa, pelo próprio silêncio a que é renegado pela grande mídia, as pessoas não sabem o que significa. Precisamos democratizar essas informações e, para isso, é preciso contar com a ação de agências como a ComunicaSul, que vão para o Equador em agosto a fim de aproximar nossas realidades, sem os filtros impostos pelos grandes conglomerados”, frisou.
Estudioso e propulsor do Manta-Manaus, Sinésio assegura que há relevância nesta “conexão épica que impulsionará o transporte de carga e desenvolverá a região amazônica”. “Sairá do Porto de Manta, no Equador, passando por uma rodovia por Providência, chegando a Letícia – que fica na margem esquerda do rio Amazonas, no ponto das três fronteiras entre Colômbia, Brasil e Peru -, de onde a hidrovia sairá passando por Tabatinga até Manaus”, explicou.
PROTAGONISMO DE LULA E RAFAEL CORREA
Na verdade, apontou o parlamentar, “é um projeto iniciado pelos presidentes Lula e Rafael Correa que beneficiará o conjunto dos países que fazem fronteira com a Amazônia brasileira (Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia) e o Equador, que se soma geopoliticamente”. Para não ficarmos reféns de oscilações, o dirigente propõe que o tema passe a ser tratado “como política de Estado e não de governos, que são transitórios”.
Sinésio recorda os anos de criminalização e perseguição de Lula e Correa – que condenado a oito anos por “corrupção” no Equador se encontra foragido político na Bélgica – e denuncia a aberta sabotagem ao avanço estratégico do Manta-Manaus. Ao longo de todo o período, fomos forçados a gastar desnecessariamente bilhões de dólares em royalties pela utilização do Canal do Panamá e a extensão do período de viagem em semanas. “Sem falar do congestionamento no Panamá e a prioridade dada à passagem de produtos dos Estados Unidos, como pudemos ver ao longo de toda a pandemia”, esclareceu.
“As nossas lideranças pensaram a integração nos planos cultural e econômico e em abrir as possibilidades de geração de emprego e renda, com uma drástica redução nos custos no transporte. Será um empreendimento para não só escoarmos produtos da Zona Franca de Manaus a países vizinhos, mas também que sejam importados muitos produtos e insumos. Nossos mercados não são concorrentes, vão se somar, são complementares”, acrescentou.
Conforme Sinésio, “o compromisso é com uma geopolítica de integrar, diferente da neoliberal que é de entregar”. “Como deputado decano da Assembleia do Amazonas e presidente estadual do PT, tenho defendido esta bandeira do corredor bioceânico. Em linha reta, Manta-Manaus seriam 2.800 quilômetros, o que representa uma economia de tempo em 25 dias, contra os 50 ou 60 atuais. Além do que não dependeremos mais das filas do Panamá”, destacou.
Sinésio lembrou que “o Equador tem um litoral fantástico para o Pacífico, mas, como dialogamos com trabalhadores e empresários daquele país, precisa ver materializada esta iniciativa, que contemplará também a Colômbia, país com quem a nossa região já comercializa enormemente”.
LEONARDO WEXELL SEVERO
