O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (NOVO), considerou que o rompimento da barragem de Brumadinho como um acidente imprevisível, “um cadáver que saiu andando”. Segundo ele, o setor público faz “pirotecnia” ao investigar os responsáveis pelo rompimento da barragem da Vale, que matou 179 pessoas e deixou 131 desaparecidos.
“O que cabe nesse momento é analisar a real causa do que ocorreu, e não pirotecnia, que, às vezes, ocorre em alguns setores do poder público”, afirmou Romeu, durante entrevista concedida ao “Estado de S.Paulo”.
Sem querer citar nominalmente, disse que parte do poder público fica “gritando ‘culpado’, ‘prende’, ‘bem feito’”, mas não ajuda na procura da verdade.
Segundo o empresário que foi eleito governador, trata-se apenas um problema de engenharia. “Até falo que o caso de Brumadinho é um cadáver que saiu andando. Ela estava desativada havia três anos e, de repente, tivemos este acidente. Sabemos que embaixo da terra ocorre mais umidade, mas é um caso típico do que era inesperado”, disse.
Para Zema, “o que está em xeque e vamos ter que rever são os critérios da própria engenharia de construção de barragens”, mas nunca a falta de fiscalização sobre as barragens por parte do Estado ou o protecionismo à Vale e outras mineradoras por parte de membros do governo.
GERMANO
Dentre todos os secretários que compunham o governo anterior, de Fernando Pimentel (PT), apenas o secretário do Meio Ambiente Germano Luiz Gomes Vieira foi mantido.
Foi durante a gestão de Germano que rebaixou a classificação de risco para as barragens como a de Brumadinho, mas, segundo Zema, a secretaria do Meio Ambiente “não tem poderes para ir lá e avaliar a solidez da barragem”.
Romeu Zema assumiu o governo de Minas Gerais em uma situação extremamente complexa. Assim como todos os demais estados do Brasil, Minas está sofrendo com as consequências da crise econômica e sofrido para conseguir pagar as contas, chegando a um déficit de R$ 6,3 bilhões por ano.
Para Zema, assim como foi para o seu antecessor Fernando Pimentel (PT), a solução passa longe de discutir os royalties que a mineração passa para o estado e para os municípios ou lutar contra a lei Kandir, que isenta os produtos primários de ICMS. Os dois preferem colocar a conta para que os trabalhadores mineiros paguem com seus direitos trabalhistas e previdenciários. “Eu julgo que os ajustes de contas do Estado devem ser via redução de despesas, e não ficar repassando nossa conta para alguém pagar”, afirmou.