Em um luxuoso hotel na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, o governo Temer consumou mais um crime contra a Nação ao entregar 15,71 bilhões de barris de petróleo do pré-sal para o controle das multinacionais, de um total estimado em 17 bilhões de barris, após a realização do 5º leilão de privatização no pré-sal, nesta sexta-feira (28/09).
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) leiloou quatro áreas.
O bloco Saturno, na bacia de Campos, teve como vencedor o consórcio formado pela anglo-holandesa Shell (50%), que será a operadora, com a norte-americana Chevron (50%).
O bloco Titã, também na bacia de Campos, ficará com o consórcio entre a norte-americana ExxonMobil (64%), a operadora, e a QPI (36%), do Catar.
Segundo a ANP, esses dois blocos têm uma estimativa de 12,2 bilhões de barris de petróleo.
O bloco Pau Brasil, na bacia de Campos, foi empalmado pelo consórcio formado pela britânica BP (50%), a operadora, a chinesa CNOOC (30%) e a colombiana Ecopetrol (20%).
Como deixou o campo livre para as múltis nas maiores áreas, a Petrobrás adquiriu 100% do bloco de Sudoeste de Tartaruga Verde, na bacia de Santos. As múltis não fizeram nenhuma oferta para esta área.
O governo irá arrecadar R$ 6,82 bilhões em bônus de assinatura, já carimbados para o “ajuste fiscal” – leia-se superávit primário, para pagamento de juros dos parasitas (bancos, fundos de investimentos etc.).
Com os cinco leilões de entrega do pré-sal já realizados até gora, além da Petrobrás, são operadoras desta província as multinacionais Exxon, Shell, BP, Equinor (Noruega) e Total (França).
As operadoras são responsáveis pelas compras de máquinas e equipamentos, estabelecer o ritmo de produção etc.
Para o presidente da Associação de Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Felipe Coutinho, as atuais condições em que as rodadas de licitação têm ocorrido, são prejudiciais aos interesses nacionais. “As condições hoje permitem que as multinacionais estrangeiras, privadas ou estatais, atuem como operadoras nos consórcios. E, quando isso ocorre, essas multinacionais se apropriam de frações maiores da renda petroleira, porque eles definem como destinar os investimentos, e fazem isso de acordo com seus interesses. A renda petroleira que fica com o Estado nacional, portanto, diminui”, explica.
Ainda, segundo ele, “nenhum país se desenvolveu exportando petróleo cru por multinacional estrangeira. Fazendo desta forma, estamos entrando em novo ciclo colonial, equivalente a todos os outros ciclos coloniais que o país já passou, desde o pau brasil, servindo a interesses antinacionais”.
Comentando o resultado do leilão, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, disse que “o Brasil é bem maior do que a Petrobras. Talvez alguém ainda tivesse dúvida disso”.
Maior que a Petrobrás e também maior do que as múltis do cartel internacional do petróleo. O problema é que pela ação deliberada do governo do qual Félix faz parte – acrescido com o desinteresse da diretoria entreguista da estatal – quem perdeu com a 5ª Rodada foi o país, com as múltis nadando de braçada para avançar ainda mais sobre o petróleo do pré-sal.
VALDO ALBUQUERQUE