“Quem é que vai dar golpe? As Forças Armadas? Que que é isso, estamos no século 19?”, questionou o vice-presidente
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse, ao ser entrevistado pela jornalista Andrea Sadi, nesta quinta-feira (28), que uma ruptura democrática está “fora de cogitação” e que “não existe espaço no mundo para ações dessa natureza”.
Mourão respondia ao questionamento sobre as ameaças do presidente Jair Bolsonaro na parte da manhã no Palácio do Alvorada. Bolsonaro disse que “ordens absurdas não se cumprem”, referindo-se à operação da PF na véspera no âmbito de inquérito do STF, que cumpriu medidas de busca e apreensão em endereços de pessoas que ameaçaram o Supremo e o Congresso.
Perguntado sobre se declarações de autoridades do governo, em tom de ameaça a outros poderes, não significaria uma ameaça à democracia, com risco de golpe, ele respondeu: “Quem é que vai dar golpe? As Forças Armadas? Que que é isso, estamos no século 19? A turma não entendeu. O que existe hoje é um estresse permanente entre os poderes. Eu não falo pelas Forças Armadas, mas sou general da reserva, conheço as Forças Armadas: não vejo motivo algum para golpe”.
Mourão disse que não havia visto a declaração do presidente. Mas reafirmou o que publicou nas redes sociais, ontem, que o inquérito das fake news, na sua avaliação, deveria ter sido enviado à Procuradoria-Geral da República, na origem, para que o MP decidisse o que poderia ou não investigar. E defende que o tema seja debatido pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Sobre a declaração de Eduardo Bolsonaro, de que não é uma questão de se, mas quando ocorrerá uma ruptura, Mourão respondeu: “Me poupe. Ele é deputado, ele fala o que quiser. Assim como um deputado do PT fala o que quiser e ninguém diz que é golpe. Ele não serviu Exército. Quem vai fechar Congresso? Fora de cogitação, não existe situação para isso”.