Um dia após alguns bolsonaristas ensandecidos lançarem fogos de artifício em direção ao Supremo Tribunal Federal (STF), além de lançarem também ameaças aos integrantes da Corte, ao Congresso e ao governador do DF, por terem sido desalojados pela PM-DF da Praça dos Três Poderes, o ministro da Justiça, André Mendonça, afirmou em nota que “devemos respeitar a vontade das urnas e o voto popular”.
“A democracia pressupõe, acima de tudo, que todo poder emana do povo. Por isso, todas as instituições devem respeitá-lo. Devemos respeitar a vontade das urnas e o voto popular. Devemos agir por este povo, compreendê-lo e ver sua crítica e manifestação com humildade. Na democracia, a voz popular é soberana”, diz um trecho da nota, divulgada no domingo (14).
A “tese” do ministro de Bolsonaro é de que aquela meia dúzia de fanáticos e arruaceiros que jogaram seus rojões no STF e fizeram ameaças a parlamentares e aos integrantes da Corte representam o “voto popular”. Ele propugnou também que devemos “ver suas críticas com humildade”.
Como se o povo tivesse votado em 2018 para fechar o Congresso e o STF.
A população, que vem buscando incansavelmente os caminhos para que o Brasil prospere e para que seus problemas seja resolvidos, não tem nada a ver com esse fanatismo ridículo e cada vez mais raivoso e diminuto que o bolsonarismo criou e vem alimentando.
O que a população quer e busca é simplesmente que o país tenha governo e que ele resolva os seus problemas. O povo não gosta de arruaceiros.
Ao contrário do que o ministro da Justiça de Bolsonaro acha, as autoridades do GDF e da Polícia Federal não consideraram que esse tipo de comportamento selvagem e fascista do grupo “300 do Brasil”, de ameaçar ministros e atirar fogos em direção à sede do STF, tenha qualquer vinculação com o que a população pretendia ao participar das eleições de 2018.
Tanto que nesta segunda-feira (15), a Polícia Federal, acionada pela Procuradoria Geral da República (PGR) e autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), colocou na cadeia os integrantes do bando que participou da criminosa pirotecnia antidemocrática.
Se há alguma autocrítica a ser feita, como cobra a nota do ministro, é daqueles que, como Bolsonaro e seus pares, insuflam a horda de fanáticos – inclusive participando de seus atos – a cometer atitudes de selvageria e de violência como as que foram cometidas contra o STF na véspera.