Um total de R$ 8,5 milhões foram apreendidos pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, durante a Operação Mercadores do Caos, na qual o ex-secretário de Saúde do Rio, Edmar Santos, foi preso na sexta-feira (10).
Santos é apontado como o líder de uma organização criminosa que atuava na Secretaria Estadual de Saúde durante a pandemia do novo coronavírus.
De acordo com o Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECO), desse montante, cerca de R$ 7 milhões estavam em reais e o restante em dólares americanos, euros e libras esterlinas.
De acordo com o órgão, os valores foram entregues espontaneamente por um dos investigados, que estava acompanhado de seu advogado. O MPRJ, no entanto, ainda não detalhou os locais onde toda a quantia foi apreendida.
A quantia foi encaminhada ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) e será depositada em judicial do Banco do Brasil. A contagem dos valores terminou apenas na madrugada deste sábado (11).
De acordo com a denúncia, Edmar Santos vai responder por peculato, corrupção cometida por funcionário público e organização criminosa.
Edmar Santos foi exonerado da Secretaria de Saúde do RJ no dia 17 de maio. Ele havia assumido a pasta no início do governo Witzel. No entanto, mesmo após sua exoneração ele teria continuado a cometer crimes.
“O fato do investigado não mais ocupar a função pública de Secretário Estadual de Saúde não configura causa suficiente de neutralização do risco de cometimento de novos delitos, notadamente na hipótese em que se noticia a realização e continuidade de infrações que não pressupõem essa condição, como é o caso de eventual delito de lavagem de dinheiro”, diz a decisão do juiz Bruno Ruiliere, que autorizou o cumprimento da prisão preventiva.
Áudios reforçam acusação
Os promotores apresentaram provas de que o próprio ex-secretário fazia a interface com empresas interessadas em contratar com a secretaria. Em certas ocasiões, diz o MPRJ, Santos realizava prévia indicação daqueles que seriam contratados em processos administrativos que estavam por vir.
Em uma conversa de áudio no celular de Neves, Edmar Santos determinava a criação de uma “lista secreta” daqueles que seriam fornecedores da pasta.
“(…)Mapeia para mim todos os endereços de depósito de distribuidor de medicamento, distribuidor de material médico e distribuidor de equipamento aqui no Rio de Janeiro. Cara, todos esses endereços de depósito, deixa uma lista aí secreta contigo. Só eu e você vamos ter acesso a isso”, instruiu Santos a Gabriell Neves, ex-subsecretário que também está preso.
Além disso, há suspeitas de irregularidades nos contratos firmados sem licitação. Entre eles, o de compra de respiradores, oxímetros e medicamentos e o de contratação de leitos privados. O governo do RJ gastou R$ 1 bilhão para fechar contratos emergenciais.
Dos 1 mil respiradores comprados pela pasta, apenas 52 foram entregues e não serviam para pacientes com Covid-19. Os contratos foram firmados com três empresas, também investigadas.
Outros 97 aparelhos chegaram no fim de junho e estão no terminal de cargas do Aeroporto Internacional Tom Jobim, encalhados.
O advogado Bernardo Braga, responsável pela defesa do ex-secretário de saúde Edmar Santos, declarou que não vai se manifestar sobre a operação do MP.