As entidades representativas dos trabalhadores em frigoríficos iniciaram uma campanha nacional pela saúde e segurança das vidas da categoria nas empresas do setor. Segundo as entidades, a campanha tem “o objetivo de atacar os focos da contaminação nos frigoríficos, mas também proteger a família do trabalhador e a de toda a sociedade”.
A campanha “A Carne mais Barata do Frigorífico é a do Trabalhador” encabeçada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação (CNTA), a Confederação Brasileira dos Trabalhadores na Alimentação da CUT (Contac-CUT) e a União Internacional dos Trabalhadores na Alimentação (UITA) buscam cobrar ações dos empresários e do poder público para garantir um ambiente de trabalho livre da contaminação pela Covid-19.
“Não podemos permitir que empresários e governo deixem de cumprir o seu dever em zelar pela saúde, segurança e pela vida dos trabalhadores, bem como de toda a sociedade. O Brasil já ultrapassou 3.622.861 casos confirmados e 115.309 mortes pelo Covid-19. Parece que esta tragédia, onde em quantidade de óbitos o Brasil só fica atrás dos Estados Unidos, não têm sido suficientes para a implantação de ações de valorização da vida dos seres humanos”, diz nota da CNTA.
O presidente da CNTA, Arthur Bueno, denuncia que já passam de 120 mil trabalhadores contaminados nos frigoríficos.
“Já no início da pandemia, ao saber que este setor não poderia parar, reunimos as entidades e definimos ações preventivas. Além das medidas de higiene, estabelecemos as aglomerações como o desafio principal para combater o problema, encaminhando ofícios ao governo federal, deputados, senadores e STF. Infelizmente, não obtivemos nenhum retorno positivo”, denunciou.
Para o presidente da Contac-CUT, Nelson Morelli, “parte das empresas está produzindo com uma atitude de total desrespeito à saúde do trabalhador. Estão faturando com esta crise, já que o setor lucra mais que antes da pandemia. Esta campanha tem de falar com a sociedade, falar que esta carne consumida tem sangue do trabalhador”.
“Em todo o mundo, os frigoríficos são focos importante da pandemia, mas países como a Argentina têm uma situação muito diferente do Brasil. Lá, as empresas e o governo estão em diálogo permanente com os sindicatos para interagir sobre o problema”, comentou o secretário regional da UITA para a América Latina, Gerardo Iglesias.
Os trabalhadores reivindicam que o afastamento nas fábricas sejam de, pelo menos, dois metros de distância entre os trabalhadores, pois o distanciamento de 1 metro, medida sanitária que serve para o trânsito nas cidades e espaços abertos, fica inoperante no interior de uma empresa e ocupação de apenas 50% de trabalhadores nas fábricas, com criação de turnos que permita esse nível de ocupação do espaço. Além disso, pedem a testagem em massa para identificar os contaminados, pleito das entidades desprezado no protocolo governamental.