“Bolsonaro não esconde que tem um plano golpista para 2022 e sabe que o Congresso Nacional tem centralidade nesse embate, que já está se desenrolando”
O deputado federal Marcelo Freixo (RJ) voltou a defender que o PSOL componha o bloco democrático na Câmara dos Deputados, junto com outros 11 partidos, e vote em Baleia Rossi (MDB-SP) para a Presidência da Casa.
“O momento exige a formação de uma coalização capaz de derrotar os adversários da democracia”, sintetizou o parlamentar em textos publicados nas redes sociais.
O PSOL decidirá na sexta-feira (15) qual será a sua posição na votação.
Freixo argumentou que a vitória do candidato de Jair Bolsonaro, Arthur Lira (PP-AL), serviria para facilitar que pautas conservadoras, como a liberação da posse de armas e excludente de ilicitude, passem pela Câmara e também para desarmar o Congresso Nacional como defensor da democracia em caso de uma tentativa de golpe.
“Jair Bolsonaro já anunciou publicamente quem é o seu candidato e o que espera dele caso consiga elegê-lo: o apoio a uma pauta antidemocrática e violenta”, continuou.
“Agenda que passa pela pela liberação de mais armas para civis, incluindo de uso restrito, como fuzis; excludente de ilicitude e retirada do controle dos governos estaduais sobre as polícias, institucionalizando a bolsonarização dos quartéis e criando uma polícia política”, disse Freixo.
Além disso, “Bolsonaro não esconde que tem um plano golpista para 2022 e sabe que o Congresso Nacional tem centralidade nesse embate, que já está se desenrolando”.
“Não à toa, ele está leiloando cargos e liberando verbas de emendas parlamentares para comprar votos dos deputados para o seu candidato. O presidente inclusive já disse que se não for reeleito no ano que vem, a violência no Brasil será pior do que a dos EUA”, acrescentou o deputado.
Para Freixo, só pode ser um o caminho a trilhar pelo seu partido. “Diante dessas ameaças explícitas, o comando da Câmara não pode estar nas mãos de um aliado de Bolsonaro até 2022. Por isso, defendo o ingresso da bancada do PSOL, assim como fizeram todos os partidos de esquerda, no bloco democrático cujo candidato é o deputado Baleia Rossi”.
A candidatura de Baleia Rossi é apoiada por 11 partidos (DEM, MDB, PSDB, Cidadania, PSL, PV, Rede, PSB, PCdoB, PDT e PT) e foi costurada pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O programa mínimo defendido pelos partidos é a defesa intransigente da democracia e a independência da Câmara.
Segundo Freixo, “as instituições, por mais frágeis e imperfeitas que sejam, são trincheiras que precisamos ocupar nessa batalha, porque o golpe bolsonarista é institucional, acontece por dentro do sistema democrático com o objetivo de subvertê-lo”.
“O golpe não é uma ameaça, ele já está ocorrendo. Precisamos ter clareza disso e agir com a maturidade que o desafio histórico nos impõe”, enfatizou o parlamentar do PSOL.
“Essa não é uma aliança programática, é uma união tática, forjada pela urgência do momento e pela imediata necessidade de derrotarmos o representante do Planalto e impedirmos que Bolsonaro controle a agenda do Parlamento pelos próximos dois anos”, explicou o deputado federal.
“São muitas as divergências que tenho com Baleia Rossi em relação à economia e ao papel do Estado no desenvolvimento socioeconômico do país. Entretanto, essa coalizão não significa um recuo”, sustentou.
“Derrotado o candidato de Bolsonaro, seguiremos em trincheiras opostas, lutando por projetos distintos para o Brasil, mas dentro dos marcos democráticos. É isso que nos une nesta conjuntura: a defesa da democracia, do Estado de Direito e da Constituição de 88”, sentenciou o parlamentar, acrescentando que “há quem ache que defender estes princípios é uma abstração. Não é”.
“Quando falamos em proteger a Constituição, estamos lutando pela garantia dos direitos das minorias, do controle sobre as polícias, do SUS e da educação pública, dos limites para os avanços autoritários do Planalto, da assistência aos mais pobres e da defesa do meio ambiente”, enfatizou Freixo.
O deputado também se contrapôs à posição de alguns setores do PSOL que dizem que o voto em Baleia Rossi só deve acontecer no segundo turno e que o partido deve lançar candidato próprio antes disso.
“O problema é que o risco de não haver 2º turno é real. Essa é uma eleição extremamente polarizada e imprevisível, em que o tamanho da dissidência dentro das bancadas será decisiva e cada voto será fundamental”, ponderou Freixo.
“O PSOL tem debatido desde o fim do ano passado qual será seu posicionamento. Respeito profundamente essa discussão e seguirei a orientação do partido, mas quero deixar expressa a minha defesa pelo ingresso da bancada para fortalecer o bloco de enfrentamento ao bolsonarismo”, concluiu.
Marcelo Freixo já foi deputado estadual no Rio de Janeiro e foi eleito deputado federal em 2018. Em 2016, foi candidato a prefeito do Rio de Janeiro e chegou ao segundo turno no pleito que elegeu Marcelo Crivella (Republicanos).