O partido “precisa tomar rumo, precisa ter uma palavra afirmativa forte”, afirmou, alertando que “espera que o PSDB não esteja em seu ciclo descendente”
“No meu ponto de vista, o PSDB deveria ser mais claramente de oposição”, defendeu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista ao Estadão na quarta-feira (3). Ele avaliou que o resultado da eleição da Câmara mostra a força da Presidência. “É muito difícil ganhar uma eleição no Congresso contra o presidente”, comentou.
FHC defendeu que nessas situações é importante fortalecer a oposição. “Se não vai ganhar, é para marcar posição. Acho que o PSDB ficou um pouco esvaecido lá”, afirmou. Para ele, “o povo não é bobo. A gente pensa que (a população) não percebe, mas percebe. Se você não toma posição no tempo oportuno, quando chega a hora H é tarde”.
“O que aconteceu ontem (segunda-feira, 1º) não surpreende, é a força do presidente. Sei como é isso. A força do presidente é muito grande e é muito difícil ganhar uma eleição no Congresso contra o presidente”, avaliou Fernando Henrique. Em sua opinião “o que não pode é não ter posição. Não tomar posição pode fazer o partido cair na vala comum das legendas que cederam ao ‘toma lá, dá cá’”.
Ele acha que esse resultado desta disputa não tem reflexos na eleição. “Não há nenhum reflexo eleitoral”, avaliou. “Do ponto de vista político, tem consequências, porque dificulta qualquer processo contra o presidente e facilita a tramitação de qualquer matéria que o governo tenha empenho”, apontou o ex-presidente.
FHC disse que “o que existe na eleição majoritária à Presidência é a relação do candidato com o eleitorado. Claro que a estrutura partidária ajuda, mas não é decisiva”.
Fernando Henrique afirmou que o PSDB “precisa tomar rumo, precisa ter uma palavra afirmativa forte”.
“Os partidos têm seus ciclos. Espero que o PSDB não esteja em seu ciclo descendente. Mas, se estiver, pobre do PSDB. E não é em nome do PSDB, é em nome dos interesses do povo. Eleição é uma coisa conjuntural, mas não é só conjuntural. Tem de ir se formando, ter enraizamento”, destacou.
“Se o PSDB optar por ser contra o que está acontecendo no governo atual, tem que mostrar claramente isso. Tem de tentar ganhar a população. Pode ganhar, pode não ganhar. Depende do jogo eleitoral e partidário. Mas tem de ter posição clara. Em política, não tem esse negócio de ficar enrustido. É cartas na mesa”, defendeu.