“O contexto é preocupante”, considera o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Forma-se uma frente ampla contra a democracia e a favor da não apuração nem punição a quem se imputa, no devido processo, a prática de delitos como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa”.
“O momento é de resiliência e resistência”, disse Fachin, que é relator da Lava Jato no STF, em entrevista à revista “Veja”. “O combate à corrupção e aos delitos penais econômicos não pode parar ou ceder quando aproximado dos porões onde se encontram escondidos sujeitos que, nas palavras do Secretário-geral da ONU, António Guterres, ameaçam o bem-estar de nossa sociedade, o futuro de nossos filhos e a saúde do nosso planeta”.
“A Lava Jato padece mais por seus resultados do que pelos seus erros”, afirmou o ministro. “A corrupção priva as pessoas de prestações em favor de suas básicas necessidades, uma vez que os recursos a elas destinados são desviados”.
“Combater a corrupção, com respeito aos direitos e garantias constitucionais, é proteger a democracia de hoje e de sempre. É imprescindível garantir o respeito à Constituição e especialmente, diante do processo eleitoral que se avizinha, a soberania do voto popular. Minha maior preocupação são as eleições de 2022 e a preservação do sistema eleitoral brasileiro. É imprescindível ser democrata e, dentro da ordem democrática, apurar e punir a corrupção”, declarou o ministro do STF, para quem, no combate à corrupção, não são admissíveis “atalhos, atitudes heterodoxas ou seletividades”.
C.L.