O dia desta quarta-feira (3) foi “o mais sangrento” registrado em Mianmar desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro, com “38 mortos”, afirmou a emissária da ONU para este país, a suíça Christine Schraner Burgener, que irá apresentar informe ao Conselho de Segurança da ONU na sexta-feira.
Questionada sobre o pedido da ONU para uma visita dela a Mianmar, antiga Birmânia, Schraner disse aos jornalistas ter ouvido da junta no poder que seria bem-vinda, mas “não agora”, porque precisam resolver alguns “problemas” antes. Desde o golpe, já passam de 50 os manifestantes mortos, e há um número muito maior de feridos.
A junta militar prendeu a líder da Liga Nacional para a Democracia (NLD), Aung San Suu Kyi, e o presidente Win Myint, após chamar a eleição de novembro do ano passado, vencida esmagadoramente pela situação, de “fraudulenta”, por ter sido realizada sob a pandemia e várias regiões terem ficado sem poder votar por razões diversas.
Alegação repudiada pela Comissão Eleitoral, que confirmou o resultado. Pelo acordo que havia restaurado a democracia há uma década, os militares têm assegurado um quarto dos lugares no parlamento.
O golpe foi na véspera da posse do novo governo saído das urnas, com a junta militar prometendo eleições “em um ano”. Desde então, as manifestações não pararam.
A Associação das Nações do Leste Asiático (Asean), o bloco econômico asiático do qual Mianmar faz parte, tem clamado pela restauração da democracia com um acordo entre as partes, que tem buscado mediar, mesma posição da vizinha China e da Rússia.