Ignorando a necessidade do povo brasileiro pelas vacinas, Bolsonaro recusou a compra de 70 milhões de doses da vacina da farmacêutica Pfizer. Agora, com o país sofrendo a morte de mais de 265 mil brasileiros e diante da pressão de governadores e prefeitos para a aquisição de novas vacinas, o Ministério da Economia anunciou a intenção de comprar somente 14 milhões de doses do imunizante, com as entregas iniciais previstas para o mês de junho.
A oferta da Pfizer para a venda dos imunizantes foi rejeitada três vezes pelo governo Bolsonaro ao longo do segundo semestre de 2020. À época, o laboratório previa entregar os primeiros lotes da vacina já em dezembro. Com os 70 milhões de imunizantes sendo disponibilizados até junho de 2021.
Mas para o negacionista de Bolsonaro, a imunização contra o coronavírus nunca foi a prioridade. A única medida capaz de impedir o morticínio e o avanço da pandemia foi tratada com completo descaso pelo governo federal, que preferiu propagandear um falso “tratamento precoce” contra a Covid-19.
No Brasil, não fosse o acordo do Instituto Butantan, de São Paulo, com o laboratório chinês Sinovac, que permitiu a compra de um total de 100 milhões de doses da CoronaVac para o Plano Nacional de Imunização, contaríamos apenas com o acordo da Fiocruz com a multinacional AstraZeneca, que resultou somente em 4,8 milhões de doses distribuídas pelo SUS até o dia de hoje.
Com a recusa do governo brasileiro, a fila andou e diversos países passaram a utilizar a vacina da Pfizer como uma das suas opções. Agora, no fim da fila, o que o governo federal conseguiu foi uma promessa de entrega de 14 milhões de doses para o mês de junho, quantia suficiente para imunizar 7 milhões de pessoas. Muito aquém da nossa necessidade.
Nesta semana, diante do agravamento da pandemia e do aumento da pressão, o Ministério da Saúde anunciou que prepara contratos com Pfizer, Janssen e Moderna para aquisição de doses de vacina entre maio e dezembro de 2021. Nenhum deles ainda foi concretizado.
O contrato com a Pfizer deverá ser assinado se Bolsonaro sancionar projeto de lei aprovado pelo Congresso que cria um ambiente jurídico mais favorável para que as cláusulas exigidas pela farmacêutica sejam atendidas, como a que isenta a empresa de responsabilidade por eventuais eventos adversos.
Atraso na compra é retrato do governo negacionista, comenta Doria
O governador de São Paulo, João Doria, afirmou em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (8), que “evidentemente, melhor termos opção de compras de vacina, que não termos. Mas não deixa de ser triste que, seis meses depois de negar a compra de vacinas, o governo federal compre vacinas da Pfizer. É surreal. Podia ter comprado outubro. Milhares de brasileiros morrendo e só agora fazem opção pela compra das mesmas vacinas oferecidas em outubro. Esse é o retrato de um governo negacionista, displicente, desumano que não tem interesse nenhum em priorizar a vida”.