A equipe do relator da CPI da Pandemia, Renan Calheiros (MDB-AL), listou pelo menos 12 mentiras e contradições no depoimento da Capitã Cloroquina, como é conhecida Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde.
Mayra mentiu ou contradisse informações anteriores sobre a eficácia da cloroquina e seu uso no mundo, sobre a falta de oxigênio em Manaus, sobre o “hackeamento” no aplicativo TrateCov e sobre nunca ter defendido a “imunidade de rebanho”, aponta o documento.
A Capitã Cloroquina mentiu dizendo que o medicamento é indicado por médicos de todo o mundo, amparados por estudos científicos.
O documento de Renan Calheiros rebate, afirmando que “não há qualquer dado a esse respeito, sobretudo após a recomendação da OMS [Organização Mundial da Saúde] em sentido contrário ao uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina”.
O relator da CPI também apontou que Mayra Pinheiro “contradisse sua declaração ao ser perguntada se teria conhecimento, recebido estudo técnico ou análise” da tese da imunidade de rebanho “e de seu impacto sobre a saúde pública, afirmando que não recebeu”.
“Também afirmou que tal tese nunca foi cogitada pelo Ministério da Saúde e que desconhece qualquer médico que defendesse igual teoria”, diz o documento.
Renan Calheiros mostrou aos senadores um vídeo no qual Mayra disse que as medidas de distanciamento social causaram pânico na população e impediram a imunidade de rebanho entre as crianças.
O documento elaborado pelo gabinete de Renan Calheiros aponta ainda que Mayra Pinheiro contradisse o Ministério Público Federal (MPF) ao declarar que era impossível prever a falta de oxigênio medicinal nos hospitais de Manaus.
“[A fala da médica cai em] contradição com o que afirmou ao Ministério Público Federal: ‘É possível realizar esse cálculo a partir do prognóstico de hospitalizações, pois se estima a quantidade de insumo a partir do número de internados’”.
Outra contradição na fala da Mayra é com o depoimento de Eduardo Pazuello. O ex-ministro tinha dito que o aplicativo TrateCov, que orientava os médicos a receitarem cloroquina para todos os pacientes com Covid-19, não estava pronto e tinha sido alterado por um “hacker”.
Mayra admitiu que o aplicativo não foi hackeado e que toda a base para o cálculo já estava pronta.
“Ela mesma se contradisse, e contradisse Pazuello, ao afirmar que a plataforma foi retirada do ar, apenas, para fins de investigação, sem que tenha havido deturpação (como declarou Pazuello) ou alteração (como ela mesma disse) da plataforma”.