O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), afirmou que “o modelo econômico do Bolsonaro é o mesmo do Michel Temer, do Lula, da Dilma e do Fernando Henrique” e ele precisa ser superado para que o país volte a se desenvolver.
Ciro, que já foi apresentado como pré-candidato à Presidência pelo PDT, participou, no domingo (20), do podcast Flow. O programa já está com mais de 1,4 milhão de visualizações. Ele acredita que o Brasil precisa de um Projeto Nacional que seja industrializante e tecnológico.
Para Ciro Gomes, “o nosso país está sendo destruído. Não tem exagero nenhum”.
Veja aqui na íntegra:
“Quando foi que houve mais desemprego na história do Brasil? Hoje, 14 milhões e 800 mil. Quantos brasileiros procuraram emprego e desistiram, que o IBGE tira do desemprego e chama de desalento? O maior da história, 6 milhões de pessoas”.
“Pela primeira vez, mais da metade da força de trabalho do país está na informalidade, sem proteção de nada, sem salário mínimo, sem 13º, sem férias, sem proteção para acidente de trabalho. E, no futuro, quando ficar velho, sem aposentadoria. Quer mais o que? Que horas vamos parar para discutir isso?”, questionou o ex-ministro.
“Quem criou essa tragédia foi o PT, mas Bolsonaro está agravando tudo isso”, frisou.
“O modelo econômico do Bolsonaro é o mesmo do Michel Temer, do Lula, da Dilma e do Fernando Henrique. O símbolo do modelo é o tripé macroeconômico: câmbio flutuante, superávit primário e meta de inflação”.
“Qual é o modelo econômico do Guedes? Câmbio flutuante, superávit primário e meta de inflação. Qual é o da Dilma? Câmbio flutuante, superávit primário e meta de inflação”, explicou.
“Quem são os cavalheiros que administram isso? Sabia, petista, que a Dilma convidou Paulo Guedes para ser ministro da Fazenda? Mas o Meirelles, meu amigo, que foi o formulador da política econômica do Lula, naquela mesma eleição de 2002 foi eleito deputado federal pelo PSDB do Fernando Henrique Cardoso. Depois foi ministro da Fazenda do Michel Temer e agora secretário da Fazenda do Dória”, contou.
O ex-governador e ex-ministro da Fazenda criticou a visão neoliberal de que a tentativa de atrair investimento estrangeiro fará com que o Brasil volte a se desenvolver.
“Nós adiamos eternamente a compreensão de que o que financia o desenvolvimento de um país é o capital que ele consegue produzir. Você tem uma mistificação de que nós vamos ser salvos da nossa tragédia pelo capital dos outros”, criticou.
“Então o que vige no Brasil, como sistema, é ‘vamos ser o bom moço internacional, privatizar, desregular, que os estrangeiros virão para o Brasil’. Tá aí o Bolsonaro, na maior crise energética desde 2001, dizendo que vai vender a Eletrobrás, tendo dito, na véspera da eleição, que não iria privatizar. É um estelionatário, um mentiroso, um traidor”, afirmou.
“Agora o debate é esse. Esse modelo econômico não responde ao drama brasileiro. A dívida pública explodiu, o desequilíbrio na conta do dia-a-dia do governo é o pior da história, e não dá mais para brincar porque a inflação voltou. Ou a gente coloca o dedo na ferida e bota o povo na jogada, ou nós vamos virar um acampamentão, onde cada um se vira”, continuou.
Ciro Gomes defende que os pré-candidatos democratas devem se unir contra Bolsonaro, mas não podem deixar de debater as pautas econômicas e sociais.