Senador afirmou que o depoente, que se apresentou como representante da empresa Davati, “prestou um desserviço à Nação” e pediu sua prisão em flagrante. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), ponderado mais uma vez, evitou que a proposta de Vieira fosse levada a cabo
Ex-delegado de Polícia Civil por cerca de 20 anos, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu a prisão em flagrante de Luiz Paulo Dominguetti, que prestava depoimento à CPI da Covid-19 no Senado, nesta quinta-feira (30).
Luiz Paulo Dominguetti Pereira afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose, em troca de assinar contrato de venda de vacinas AstraZeneca com o Ministério da Saúde.
Os senadores do colegiado aprovaram, então, na quarta-feira (30), requerimentos para a convocação dele e também do procurador da empresa, Cristiano Alberto Carvalho.
A CPI, instalada no Senado em 27 de abril, investiga as ações, omissões e inações do governo federal, sob a liderança do presidente Jair Bolsonaro, no combate à pandemia do novo coronavírus.
“FALSO TESTEMUNHO”
A acusação de Alessandro Vieira foi de “falso testemunho”. O senhor “prestou um desserviço à Nação”, afirmou o senador, apontando que Dominguetti exibiu mais cedo na CPI áudio do deputado Luis Miranda (DEM-DF) que ele disse ser relacionado ao tema da vacina, mas que pouco depois o parlamentar disse se tratar de outro assunto.
Segundo o deputado do DEM, o áudio foi editado.
Alessandro Vieira acusou Dominghetti de tentar “desviar o foco” da CPI.
“O senhor fez uma denúncia gravíssima, que não foi negada pelo governo, de que se exigiu pagamento de propina para compra de vacinas, mas ao mesmo tempo acrescenta — e isso é instantaneamente viralizado pelas redes automatizadas que atuam para esse grupo político —, uma tese de que nós teríamos, na verdade, uma briga de gangues entre fornecedores de insumos e vacina”, criticou o senador.
“Não corresponde, ao menos nesse caso, à verdade”, acrescentou Vieira a Dominghetti.
“PLANTADO”
O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) negou que o áudio de autoria dele reproduzido pelo cabo da PM de Minas Gerais, Luis Dominguetti Pereira, em depoimento à CPI tratasse da compra de vacinas contra a Covid-19.
Ele afirmou que a gravação faz parte de conversa com representante comercial chamado Rafael Alves e registrou a troca de mensagens em cartório.
O deputado disse que aliados do governo federal teriam “plantado” o depoente nas investigações, chamando-o de “cavalo de Troia”.
Ele sugeriu ainda que a suposta armação poderia ser obra do chamado “gabinete do ódio”, formado por assessores do Palácio do Planalto, com o objetivo de tirar credibilidade das alegações dele sobre supostas irregularidades no processo de compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde.
M. V.