Acompanhada do amigo brasileiro Diego, Luana Xing, a Luana em Pequim, foi a uma pequena aldeia na província de Fujian, no sudeste da China, onde nasceu a cadeia ‘Petiscos de Shaxian’, e que hoje conta com 90 mil restaurantes no país inteiro e até filiais nos Estados Unidos e Portugal.
Lá, Yu Hechuan, o proprietário do restaurante local, se dispôs a mostrar como se faz um autêntico Bian Rou, um quitute chinês com recheio de carne.
Estimulados por Yu, os dois tentam amaciar a carne, um dos segredos do petisco. Como ele conta, aos 70 anos de idade, são mais de 2 mil batidas por dia.
“Segura de um lado e bate do outro, é isso, né?”, se orienta Luana. “Tem que ser com mais força”, ela é esclarecida. Mais sugestões: “está batendo mais na madeira que na carne” e “dá uma torcidinha quando levanta”.
Yu relata que abriu o restaurante quando tinha 50 anos. “Passamos por diversas dificuldades. Agora estamos velhos e regressamos à terra natal. Os netos cresceram, chegaram à idade de ir para a escola. Ficamos em casa cuidando dos netos”.
Diego se sai melhor na sessão de preparação da carne e pergunta: “Estou contratado?”. “Ok, me ajuda no negócio”.
Mas o grande segredo do Bian Rou é o recheio que, além da carne e de dois ovos, leva um caldo secreto – cuja receita não pode ser revelada e foi passada a Yu por seu mestre. “Não tem caldo de galinha, não”, ele responde a Luana.
Tem de enrolar dessa forma, mostra Yu, diante da falta de jeito de Luana e Diego. Pronto, finalmente: “Oi meninos! Querem comer Bian Rou?”.
“Fizeram um bom trabalho. Está bom. Muito bom. Agora é a hora de provar o resultado”. “Bom aluno”, elogia o quituteiro chinês.
“É impressionante como a carne não sai da massinha. Superfina”, nem parece que foram os aprendizes que prepararam. “Eu até vou colocar um pouquinho de pimenta”, se anima Luana.
Luana Xing é tradutora e jornalista. Faz reportagens sobre o intercâmbio cultural entre a China e os países de língua portuguesa, com destaque para o Brasil. Sua página Luana em Pequim está nas principais redes sociais.