O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou, nesta quinta-feira (5), o Ministério da Saúde pelo envio 50% menor das vacinas Pfizer que o estado teria direito. Segundo o governo paulista, a medida foi tomada de forma arbitrária e que o Estado ‘reagirá na forma da lei’, acionando a Justiça para receber as vacinas.
Ontem, o governo paulista acusou o Ministério da Saúde de enviar metade do lote do imunizante da Pfizer que estava programado, o que equivale a 228 mil doses e o estado teria direito a 456 mil doses.
A intenção do estado é utilizar os imunizantes da Pfizer na vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos, já que a vacina possui autorização da Anvisa para este público. Com o bloqueio das doses, o governo paulista denuncia que a vacinação dos adolescentes será prejudicada.
“A última remessa da Pfizer, a quantidade foi reduzida à metade, sem nenhuma justificativa. A decisão, que como governador qualifico como arbitrária, representa a quebra do pacto federativo. E o governo federal decidiu punir quem fez o certo e quem foi eficiente na vacinação”, criticou Doria.
“Quero mostrar a minha indignação como Governador do Estado com a postura do Ministério da Saúde, que quebra o pacto republicano e retira vacinas de São Paulo de forma injusta, de forma arbitrária. Nós vamos reagir na forma da lei para evitar que brasileiros de São Paulo sejam prejudicados”, afirmou o governador na manhã de hoje no Aeroporto de Guarulhos, durante a chegada de 4 mil litros de insumos para produção de 8 milhões de vacinas do Instituto Butantan.
Segundo o Secretário Executivo da Secretaria de Saúde, Eduardo Ribeiro, a vacinação dos adolescentes está em aberto. “O Plano Estadual de Imunização definiu o início da vacinação dos adolescentes com comorbidades, com deficiências, gestantes e puérperas no dia 18 de agosto. A vacinação destes adolescentes nesta data está em aberto até que o Ministério da Saúde regularize esta situação e garanta a continuidade dos envios de doses na proporcionalidade que vem sendo praticada até aqui”, destacou.
Queiroga defende redução
Em entrevista coletiva também na quarta, o Ministério da Saúde acusou o Estado de retirar uma quantidade maior de doses da CoronaVac, vacina que está sendo envasada pelo Instituto Butantan, e que por isso houve uma “compensação”. O governo paulista qualificou a declaração como uma “mentira”.
Nesta quinta-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a judicialização dessa questão é um direito, mas não concorda com a decisão do governo paulista. De acordo com ele, não é o ministério que define a quantidade de doses, mas uma comissão tripartite, com a participação dos secretários de Saúde estaduais e municipais. “De minha parte, se ficar demonstrado que não houve essa alocação adicional para São Paulo, isso pode ser corrigido. Mas creio que a decisão foi tomada pela tripartite de maneira própria”, declarou Queiroga.
Em entrevista coletiva no final da tarde de ontem, a secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite, disse que houve uma mudança na metodologia de distribuição das vacinas. Se antes as doses eram divididas com base nos públicos prioritários, agora são enviadas a cada estado para a vacinação por faixas etárias. Ela acrescentou que, em razão da disparidade entre os estados, o Ministério da Saúde passou a fazer uma compensação para que os mais atrasados na vacinação possam avançar.
O governo de São Paulo criticou. “Não estamos falando em ajuste fino [pelo Ministério da Saúde], o que acontece ao longo da vacinação. Pequenos ajustes acontecem e aconteceram. Mas em nenhum momento isso virou situação critica. Estamos falando aqui não de mera adequação, mas de ruptura do processo que vinha sendo praticado pelo ministério”, disse Eduardo Ribeiro, secretário-executivo da secretaria estadual da Saúde de São Paulo.