O PSDB realizou, na terça-feira (19), um debate entre os governadores de São Paulo, João Doria, do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, que estão na disputa das eleições internas para decidir quem será o candidato à Presidência da República.
Os três pré-candidatos falaram de forma consensual que a democracia é um valor inegociável e que só através dela a sociedade pode resolver seus problemas. Os filiados ao PSDB decidirão quem será o seu candidato no dia 21 de novembro.
O evento foi organizado pelo jornal O Globo e contou também com jornalistas do jornal Valor Econômico. O debate foi mediado pela jornalista Vera Magalhães.
Durante o debate, João Doria disse que ele errou em ter apoiado Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.
“Eu errei, como Eduardo [Leite] errou, como 65% da população brasileira cometeu esse equívoco. Eu não tenho compromisso com esse erro, eu não erro duas vezes”.
“A nossa posição é em defesa da democracia, das liberdades e do direito das pessoas discordarem e emitir a sua opinião. A democracia está à frente de tudo, é a base de uma Nação, e essa base tem sido ameaçada pelo governo Bolsonaro sistematicamente. O governo Bolsonaro é uma vergonha para a democracia no Brasil”, continuou.
Eduardo Leite também que falou que “foi um erro” o apoio a Bolsonaro. “Não há hipótese de apoiar uma candidatura de Bolsonaro em 2022. O Brasil precisa de democracia forte. Precisamos evitar Bolsonaro, tanto do ponto de vista democrático quanto do ponto de vista econômico. A democracia é um ponto inarredável”.
O ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio afirmou que a “democracia está acima de tudo, é o valor mais fundamental. A democracia põe comida na mesa, sim. A ditadura tira a comida da mesa”.
Ele foi o único dos três que não votou em Bolsonaro, tanto no primeiro quanto no segundo turno.
Virgílio também defendeu a saída dos quadros bolsonaristas do partido. “Acredito que a gente tem que marcar um prazo para oferecer a porta de saída como serventia da casa. Eu prefiro um partido menor, mas brioso, que tenha a garra de recomeçar”.
“[Nós] temos uma oportunidade de ouro de sedimentar a unidade deste partido. Meu apelo é no sentido do fim do ciúme. Vamos nos dedicar com amor, com fé. Esse país merece ter sua democracia e seu desenvolvimento consolidado”.
Os três disseram que vão apoiar o candidato escolhido pelos filiados ao partido.
“REFORMAS”
Os pré-candidatos também debateram sobre as “reformas” que, segundo eles, o país precisa. João Doria e Eduardo Leite tentaram argumentar que as reformas administrativas que fizeram em São Paulo e no Rio Grande do Sul, respectivamente, foram as mais “profundas”.
Doria disse que São Paulo foi “o único estado que fez reforma administrativa, e não apenas ajuste”. O governador defendeu que os investimentos públicos têm que acontecer com “políticas públicas claras, e não vinculadas a ideologias e nem necessidade de apoio político no Congresso Nacional”.
“Falta maturidade, estatura, comprometimento e planejamento na área econômica desse governo [Bolsonaro]. É um fracasso completo, desde o início”, apontou. Doria criticou também as chamadas “emendas do relator”, que dão ao Congresso Nacional o controle sobre trilhões do orçamento federal. Bolsonaro tem usado dessa ferramenta para comprar deputados e senadores.
Eduardo Leite respondeu que “não dá para dizer que São Paulo foi o único estado que fez reforma administrativa” e que o Rio Grande do Sul realizou uma “reforma profunda”.
Arthur Virgílio acredita que “o país só vai ser desenvolvido e com crescimento sustentável se for capaz de fazer as reformas que estão atrasadas. Só depois que a gente tomar atitudes morais de entender que um país que não é capaz de ter sua economia ajustada é um país fadado ao fracasso”.