O aumento da rejeição a Jair Bolsonaro em todo o país tem feito com que aliados que almejavam cargos majoritários estaduais desistam de candidaturas ou se distanciem do chefe do governo federal para ter mais chances.
Todas as pesquisas mostram que a avaliação negativa ao governo reflete diretamente na diminuição das intenções de voto em Jair Bolsonaro.
56% dos brasileiros avaliam negativamente o governo Bolsonaro, enquanto 69% acreditam que ele não merece ser reeleito, apontou a pesquisa Genial/Quaest.
As regiões com menor rejeição são centro-oeste, sul e sudeste, com 54% nas três. A maior aprovação é no centro-oeste e sudeste, onde ele tem apenas 20%. No restante das regiões, os números ficam ainda mais desfavoráveis para Jair Bolsonaro.
Está acontecendo uma verdadeira debandada, ninguém quer ficar perto de Bolsonaro. Isso pode ser visto nas movimentações de políticos de diversos Estados.
Na Paraíba, aquele que se apresentava como pré-candidato ao governo do Estado apoiando Jair Bolsonaro, o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), tem dado sinais de que não será candidato.
Em 2018, Rodrigues chegou a romper com seu partido, na época o PSDB, para apoiar Jair Bolsonaro no primeiro turno das eleições.
Agora, alertado por aliados que ser candidato a governador tentando se ancorar em Jair Bolsonaro não era uma boa ideia, busca compor com o atual governador do Estado, João Azevedo (Cidadania), e busca espaço para ser candidato a vice. Outro plano é se lançar candidato a deputado federal.
No Piauí, Ciro Nogueira (PP) desistiu de disputar as eleições para o cargo executivo. Nogueira foi eleito senador em 2018, mas agora é ministro da Casa Civil de Bolsonaro. Sua ex-esposa, a deputada federal Iracema Portela (PP), deverá ser a candidata de seu grupo político.
Em Goiás, que é um Estado em que o nome de Jair Bolsonaro tinha menor rejeição do que a média nacional, o atual governador, Ronaldo Caiado (DEM), deu declarações tentando ampliar suas alianças, afastando a imagem de Jair Bolsonaro.
Em entrevista, ele disse que quer “algo que traga credibilidade e tranquilidade ao país. Não se pode governar tensionando, não existe isso em política. Eu fui o primeiro a dar apoio ao presidente. Fui eleito em Goiás no primeiro turno e o apoiei no segundo. Mas apoio não significa submissão”.
Os grupos bolsonaristas conversam sobre lançar o deputado federal Major Vitor Hugo, líder do PSL, para o governo.
O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), usou suas redes sociais para negar que esteja articulando ser o candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro. Ele disse, ainda, que não vê outro destino senão disputar as eleições estaduais. ACM Neto participou de uma transmissão ao vivo realizada por Ciro Gomes (PDT).
Em Pernambuco, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (DEM), já falou que pretende fazer alianças muito mais amplas do que apenas os grupos bolsonaristas. O pré-candidato ao governo estadual falou que sua candidatura poderá ser palanque para diferentes candidatos à presidência.
Ele é filho do senador Fernando Bezerra (MDB), líder do governo no Senado, que defendeu os crimes de Bolsonaro na CPI da Pandemia.
O deputado federal Benes Leocádio (Republicanos), aliado de Bolsonaro, ainda diz que é pré-candidato ao governo, mas seus colegas de partido já cogitam apoiar outros candidatos, entre eles a atual governadora Fátima Bezerra (PT).
FILIAÇÃO AO PL PODE NÃO ACONTECER
Depois do PL, presidido por Valdemar da Costa Neto, suspender o anúncio da filiação de Jair Bolsonaro, programada para acontecer no dia 22 de novembro, permanece a dúvida se o atual presidente conseguirá algum partido para disputar as eleições no ano que vem.
Em Dubai, Jair Bolsonaro disse que espera, “em pouquíssimas semanas, duas, três, no máximo, casar ou desfazer o noivado [com o PL]. Mas eu acho que tem tudo para a gente casar e ser feliz”.
A suspensão aconteceu porque mesmo antes de estar formalmente no partido Jair Bolsonaro já queria sequestrá-lo, o que foi rechaçado por Valdemar da Costa Neto.
Bolsonaro tentou impor os candidatos do partido nos Estados. Entre eles, queria impor seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), como presidente da seção do PL em São Paulo e como candidato da legenda a governador de São Paulo.
Queria também indicar seu ministro do Turismo, Gilson Machado, como candidato do partido ao governo de Pernambuco. O PL, porém, já tem o prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira, como pré-candidato ao governo, tendo a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), como vice. Não sobra para o amigo de Bolsonaro nem a vaga para o Senado, já que o partido planeja lançar Dudu da Fonte como candidato.
Jair Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto trocaram mensagens e ofensas antes da suspensão da filiação. Valdemar disse, segundo o site O Antagonista, que “você pode ser presidente da República, mas quem manda no PL sou eu”.
Em seguida, Bolsonaro xingou o presidente do partido. Valdemar respondeu: “VTNC [vai tomar no cu] você e seus filhos”.