A Black Friday 2021 teve queda de até 5% nas vendas da internet – lugar onde os negócios têm maior volume – segundo números de empresas especializadas em dados de vendas virtuais.
Segundo monitoramento da Neotrust, empresa especializada em dados de vendas virtuais, o faturamento da Black Friday brasileira de 2021 foi de R$ 5,4 bilhões, alta nominal (sem considerar a inflação) de 5,8% na comparação com 2020. Já a NielsenIQ|Ebit calculou R$ 4,2 bilhões em vendas, alta de 5%. Ambas divulgaram os resultados referentes a quinta (25) e sexta (26), no sábado (27).
Considerando a inflação que acumula alta de 10,67% em 12 meses, encerrados em outubro – a maior alta desde o começo de 2016 – o faturamento caiu 4,4%, segundo os números divulgados da Neotrust, e 5,1%, conforme NielsenIQ|Ebit.
Na Black Friday da inflação, o povo correu atrás de ofertas para comprar comida. O segmento de comida e bebida cresceu mais de 400% na comparação com 2019. Diante da corrosão do seu poder de compra, as famílias procuraram abastecer a despensa de alimentos não perecíveis, produtos de higiene, além das carnes.
Na avaliação do economista da LCA Consultoria, Fábio Romão, a inflação está em alta no mundo, mas no Brasil o governo Bolsonaro ajuda a piorá-la.
“Dizer que o fato gerador da inflação é o governo não seria verdade, já que o fenômeno é global. Mas é evidente que ele piora as coisas”. “Por exemplo, há problemas com os estoques de alimentos, o que prejudica os preços. O câmbio está mais desvalorizado do que deveria. É difícil quantificar, mas, por conta da incerteza política, muitos empresários estão deixando de planejar investimentos para 2022. Com menos investimentos, a estrutura da oferta é menor e isso se reflete nos preços”, enumerou Romão ao jornal Valor Econômico.
JUROS
O dia de promoções foi frustrado pela inflação e o desemprego que estão em alta no Brasil, mas também, pela alta dos juros. Num cenário em que o governo Bolsonaro liberou geral para o aumento da Taxa Básica de Juros (Selic), as taxas cobradas no cartão de crédito já alcançam o maior patamar desde agosto de 2017.
Segundo dados do Banco Central (BC), a taxa média do cartão de crédito da pessoa física teve alta pelo quarto mês consecutivo em outubro, com os juros anuais do rotativo alcançando 343,6% ao ano. Já a taxa do parcelado do cartão variou de 168,7% para 172,6%.
Com a inflação, o desemprego, o endividamento e os juros altos tirando o sono da população, a confiança do consumidor caiu em novembro (-1,4 ponto), segundo Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), e chegou ao seu menor nível desde abril (72,5 pontos). Em médias móveis trimestrais, o índice se manteve em queda (-2,3 pontos) pelo terceiro mês consecutivo.
“O aumento da incerteza econômica diante de uma inflação elevada, política monetária restritiva e maior endividamento das famílias de baixa renda tornam a situação ainda desconfortável e as perspectivas ainda cheias de ameaças”, afirmou a coordenadora da pesquisa, Viviane Seda Bittencourt, ao G1.
Foi neste quadro que os lojistas partiram para a Black Friday deste ano, evento que foi incorporado ao calendário do varejo nacional em 2010.