O ex-ministro foi aprovado por 47 votos a 32 no plenário do Senado na quarta-feira (1º)
O “terrivelmente evangélico”, o agora ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), André Mendonça, na “sabatina” na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, quarta-feira (1º), entre outras frases de efeito, disse que “na vida, a Bíblia; no Supremo, a Constituição”, tentando enrolar os senadores da comissão. Essa frase colide com a entrevista que deu após ser referendado no plenário do Senado.
Após o resultado, ele tirou a máscara que usou na sabatina na CCJ.
Na comissão defendeu cinicamente o “estado laico”. Mas depois, declarou que foi “um passo para um homem e um salto para os evangélicos”, em coletiva à imprensa após a apertada votação que o elegeu, por 47 a 32, ministro do Supremo.
Será que o agora ministro do STF, André Mendonça, deu um “passa moleque” no Senado Federal? Sem, entretanto, entrar no mérito da frase, diga-se passagem exagerada, proferida por Mendonça que dá o título desta matéria.
Na sabatina, Mendonça disfarçou ou fugiu dos temas que desagradam Bolsonaro, como armas, ditadura e homofobia.
Um dos poucos a questionar Mendonça, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) confrontou o ex-advogado-geral da União e mostrou que ele estava tentando enganar os senadores.
“Também defendeu a tese do Marco Temporal, que impede as demarcações de terras indígenas. O STF precisa de um ministro terrivelmente laico, mas não posso deixar de dizer que você sustentou em plena pandemia a reabertura dos templos religiosos”, disse Contarato.
O senador falou ainda das omissões do ex-ministro da Justiça por não ter se posicionado contra o “dossiê antifascista”, que expôs os dados pessoais de quase mil pessoas, e não ter feito nada a respeito dos diversos crimes e irregularidades investigados depois pela CPI da Covid-19.
Ele também chegou a dizer que a democracia no Brasil não foi conquistada com “sangue derramado”, escondendo os mortos e torturados pela ditadura.
Confrontado novamente pelo senador Fabiano Contarato, depois pediu “desculpas” dissimuladamente.
O ex-AGU desconversou no início e, somente após a insistência do senador Contarato, respondeu que “defenderia o direito civil do casamento de pessoas do mesmo sexo”, sem nunca ter defendido e nem vai defender uma vez no STF.
Mas o senador capixaba não se deixou enganar e rebateu afirmando que o Brasil precisa de um ministro “terrivelmente democrático, comprometido com os Direitos Humanos, com o Estado Democrático de Direito, com a luta contra a corrupção e solidário com a defesa das minorias e dos mais vulneráveis”.
Mendonça fingiu independência na CCJ, mas assim que foi confirmado pelo plenário para o STF, logo depois foi a um jantar com Bolsonaro.
ELOGIOS, CONFETES E LOAS
Na “sabatina”, assim mesmo entre aspas, pois Mendonça foi pouco questionado e perguntado na reunião da CCJ, que o classificou para ir ao plenário do Senado.
O que se viu e ouviu na reunião da comissão foram elogios, confetes e loas à pessoa de Mendonça.
Aprovado no Senado para a vaga de ministro na Corte Suprema, Mendonça disse que a primeira coisa que fez foi agradecer a Deus.
EXAGERO
Exagerada, a fala pode ser interpretada como péssima analogia à frase “Um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade”, dita pelo astronauta norte-americano Neil Armstrong, primeiro homem a pisar na lua, em 20 de julho de 1969.
No primeiro pronunciamento, Mendonça também agradeceu ao presidente Jair Bolsonaro pela indicação, ao Senado pela conclusão da votação, tanto na CCJ, quanto no plenário, e listou nomes de chamados políticos evangélicos que o apoiaram no Senado.
Em relação a Bolsonaro fez média. Entre eles estão o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Cezinha da Madureira (PSD-SP), a relatora da sabatina, Eliziane Gama (Cidadania-MA), e o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO).
CONSTITUIÇÃO X BÍBLIA
“Foi um processo longo, difícil, mas de muito aprendizado”, disse Mendonça, que deixou o cargo de ministro da AGU (Advocacia-Geral da União) para cabalar votos para a sabatina na comissão.
“Nós queremos dizer ao povo brasileiro que o povo evangélico tem ajudado esse País e que quer continuar ajudando esse País, trabalhar por esse País e fazer desse País uma grande nação, fazer da Justiça brasileira uma referência, fazer com essa realidade se concretize cada dia mais e, ao final, dar esperança ao nosso povo”, finalizou a coletiva.
“Noves fora”, não fica dúvida: no Supremo, ele vai ser o “terrivelmente evangélico”.
Ele André Mendonça quando da posse de ministro da justiça no seu discurso disse sobre o presidente Bolsonaro: “Vossa Excelência enquanto deputado federal foi um baluarte no combate a corrupção”, ai já estava mais que mentindo mas Puxando o Saco do novo chefe, se revelou um grande Vaselina!!!