A sanção do Bolsonaro e a publicação no Diário Oficial da União (DOU) do Orçamento para 2022, na quarta feira (24), confirma a dotação de R$ 42,3 bilhões para os investimentos públicos. A menor quantia destinada para essa conta em toda história.
Em valores corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), a previsão de investimentos no ano que vem é de menos da metade do que foi investido em 2007 (R$ 42,7 bilhões) e de menos de um quinto do total de R$ 103,2 bilhões investidos em 2014.
As consequências dessa provisão muito baixa para os investimentos são muitas. Com dotações maiores, a nível do dobro das atuais quantias, desde 2015, a economia do país vem patinando e nem a pandemia conseguiu esconder isso, ainda que a agravasse. Estamos em recessão técnica com um alto nível de inflação, sem investimentos, a tendência é acentuar essas graves dificuldades.
Pelo lado da iniciativa privada o investimento é pouco e decrescente em razão da situação institucional conturbada por quem devia cuidar dela. Além disso, com os juros altos, investidores os empresários acabam por privilegiar as aplicações financeiras.
Além disso, a arrecadação governamental fica represada e não se expande em razão de uma política econômica recessiva, que não permite a economia se desenvolver. Uma política econômica cujos investimentos estão atrelados à política de privatizações predatórias que vem se mostrando incapaz de fazer a economia crescer minimamente, quanto mais alavancar a economia, com um aumento dos empregos e distribuição de renda, capaz de ampliar o mercado interno e as receitas governamentais. Ficamos a contar “centavos”.
Ao secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, só resta reconhecer que o valor previsto para investimentos e custeio da máquina é, sim, muito baixo. Tenta, ainda, dissimular a gravidade do problema, alegando que esses valores irrisórios para investimento e custeio não comprometerão o andamento da máquina governamental e que haveria um esforço para buscar outras verbas para reforçar as despesas discricionárias.
O pré-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes (PDT), afirmou na mesma segunda-feira (24), em entrevista à Rádio Bandeirantes, que Bolsonaro (PL) entregou os recursos do Orçamento deste ano, que deveriam ser destinados a investimentos, para as “emendas de relator”.
Ciro disse ainda que, se a imprensa investigar, “vai ver que estão roubando quarenta por cento” dos minguados recursos destinados aos investimentos públicos. Disse ainda que Bolsonaro “está entregando o Orçamento a essa fisiologia e à ladroeira mais constante e mais orgânica que eu já vi na vida do Brasil.”
J.AMARO