A Polícia Federal cumpriu, nesta sexta-feira (11), três mandados de busca e apreensão em endereços ligados a três deputados federais do PL, partido ao qual Jair Bolsonaro se filiou em 2021, por terem desviado recursos de emendas parlamentares.
Os deputados Josimar de Maranhãozinho (PL-MA), Bosco Costa (PL-SE) e Pastor Gildenemir (PL-MA) usaram empresas de fachada para conseguir se apropriar do dinheiro público.
A PF fez buscas nas residências e escritórios dos três parlamentares, com autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.
O ministro não autorizou que fossem alvo da operação os gabinetes dos deputados.
Os três deputados aliados de Bolsonaro enviaram recursos de suas emendas para as que empresas de fachada fossem contratadas. Assim, as empresas captaram o recurso público e devolveram para os parlamentares.
Como a investigação corre sob sigilo, não foram divulgados os nomes das prefeituras, das empresas e os valores referentes ao crime de Josimar, Bosco e Pastor Gil.
O ministro Lewandowski entende que a PF apresentou argumentos e indícios suficientes para que as operações fossem realizadas nas casas e escritórios dos três deputados do partido de Bolsonaro.
“Os argumentos da Polícia Federal tinham consistência e permitiam que se autorizasse diligências de busca e apreensão nas residências e nos locais de trabalho dos parlamentares”, disse.
Outro esquema parecido, também chefiado por Josimar Maranhãozinho, foi descoberto pela PF em dezembro.
Ele destinou verba de suas emendas parlamentares para prefeituras chefiadas por amigos seus, que contrataram as empresas de fachada.
Durante as investigações, o bolsonarista foi flagrado carregando, dentro de seu escritório, uma caixa com R$ 250 mil vindos de seus esquemas criminosos.
Outros R$ 400 mil foram apreendidos junto a um empresário amigo de Maranhãozinho.
No relatório da PF sobre a investigação, o deputado foi acusado de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A suspeita é de que Josimar conseguiu desviar R$ 15 milhões.
Ainda assim, Josimar é presidente estadual do PL e é apontado como pré-candidato ao governo do Maranhão.
O caso contra Maranhãozinho está nas mãos da Procuradoria-Geral da República (PGR), que deve decidir se apresenta ou não a denúncia. Até agora, a PGR não fez nada.
O PL é presidido por Valdemar da Costa Neto, que foi preso e condenado por corrupção no esquema do mensalão.
Já Bolsonaro tinha, em seu gabinete na Câmara dos Deputados, um esquema criminoso conhecido como “rachadinha”. Ele indicava para sua assessoria pessoas que deveriam devolver ao deputado percentuais que chegavam a 80% dos seus salários.
O esquema, que era coordenado por sua esposa à época, Ana Cristina Valle, foi copiado para os escritórios dos filhos de Jair Bolsonaro. Flávio, que era deputado estadual no Rio de Janeiro, tinha suas contas pagas pelo assessor Fabrício Queiroz, logo depois dele ter recolhido parte dos salários dos assessores.
Além disso, lavava dinheiro em uma loja de chocolates e comprava apartamentos em dinheiro vivo.