Jornal inglês The Times confirma denúncias de que a Casa Branca e o governo britânico apostam na continuação da guerra e sabotam o avanço das negociações rumo a acordo Rússia-Ucrânia
O jornal britânico The Times revelou que o primeiro-ministro Boris Johnson telefonou ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, pressionando contra as conversações Rússia-Ucrânia, acrescentando que o que Londres planeja é a intensificação das sanções antirrussas e que um acordo só ocorreria “às custas de concessões significativas” a Moscou.
O relato do jornal londrino confirma as denúncias de que o Reino Unido e a Casa Branca estão apostando em manter a luta contra a Rússia “até o último ucraniano”, conforme numerosos analistas.
Ainda segundo The Times, as sanções terão de continuar “até que as forças russas deixem a Ucrânia, incluindo a Crimeia”.
O jornal disse ainda que Johnson teme que os EUA, a França e a Alemanha possam pressionar Kiev a assinar um acordo com a Rússia às custas de “concessões significativas” para o país.
“Alguns de nossos parceiros podem ser demasiado entusiastas para que [Zelensky] aceite […] Acreditamos que a Ucrânia deve estar na posição mais forte possível militarmente antes de realizar as conversações”, afirmou um alto funcionário britânico.
“ATÉ O ‘ÚLTIMO UCRANIANO’”
A mesma fonte se disse “preocupada” com o fato de os ucranianos estarem “ansiosos demais pela paz”. O que levou o portal zerohedge a observar que “o governo britânico aparentemente está determinado a fazer tudo ao seu alcance para prolongar o conflito às custas de vidas ucranianas, de acordo com o relata de The Times”.
Ainda de acordo com The Times, durante reunião na terça-feira do gabinete britânico, o louro primeiro-ministro prometeu enviar à Ucrânia “armamentos mais letais”.
FREIO DE MÃO
Por sua vez, o jornal chinês (em língua inglesa) Global Times registrou que cada vez que as negociações Rússia-Ucrânia parecem avançar, os EUA buscam intencionalmente esticar o conflito.
Foi o que se viu quando na rodada de conversações celebrada na Turquia, sobre a qual ambas partes apontaram sinais positivos, com a Ucrânia aceitando um status neutro em troca de garantias de seguridade por parte da comunidade internacional, enquanto a Rússia anunciou drástica redução de atividades militares na área de Kiev.
No dia seguinte, a diretora de comunicações estadunidense Kate Bedingfield, após asseverar que Washington estava em “constante discussão com os ucranianos”, apressou-se a dizer que “não há nada específico sobre uma garantia de segurança de que se possa falar neste momento”.
Pela análise do Global Times, os EUA não querem que a operação especial da Rússia na Ucrânia termine e estão fazendo todo o possível para atrasar a desescalada, além de seguirem entupindo a Ucrânia de armas.
DIGITAIS DE BIDEN
Aliás, considerando os insultos do presidente Joe Biden contra o presidente russo Vladimir Putin e a convocação à remoção dele do poder na Rússia, é difícil visualizar em Washington alguma disposição para uma solução negociada na Ucrânia – cuja situação atual tem as digitais do próprio Biden tanto no golpe de Maidan quanto no esvaziamento dos acordos de Minsk, quando era o vice de Obama.
Por contraste, é só lembrar a reação do presidente francês Emmanuel Macron à performance de Biden na visita a Varsóvia e aos insultos à Rússia. “Queremos parar a guerra sem adicionar conflitos e subir o tom. Esse é o objetivo”, disse Macron. Segundo ele, a meta é obter um cessar-fogo e a retirada total das tropas, de maneira diplomática. “Se queremos fazer isso, não devemos subir o tom com palavras e ações”, reiterou o presidente francês.
GÁS DO FRACKING MAIS CARO
Para um acadêmico ouvido pelo GT, Li Hidong, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Assuntos Exteriores de China, Washington não quer ajudar a resolver rapidamente a crise porque quer utilizá-la para controlar efetivamente a Europa e marginar e desgastar a Rússia.
“À vista dos recentes acontecimentos, Washington conseguiu ao menos parte de seus objetivos. EUA e a UE firmaram um acordo histórico sobre o gás; superficialmente, o acordo pretende ajudar a Europa a reduzir a dependência da Rússia, mas essencialmente fará com que Europa seja mais dependente dos EUA”, apontou.
A mídia brasileira continua servil aos interesses americanos do norte. Hora do Povo nos salva da enxurrada de mentiras que nos empurram goela abaixo. Muito séria e boa a cobertura da HP sobre a intervenção russa contra os neonazistas ucranianos.