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China quer reunificação pacífica mas não permitirá secessão na mira do regime de Taipei. Desde o início do governo Biden, Washington já forneceu quase US$ 1 bilhão em armas e multiplicou as provocações com navios de guerra no Estreito.
Qualquer conversa sobre a China continental “invadir” Taiwan é inválida porque a política de uma só China afirma que “Taiwan é parte da China”, disse o Ministério das Relações Exteriores em Pequim em resposta aos comentários do secretário de Estado dos EUA.
“Os Estados Unidos reconheceram a República Popular da China como o único governo legal da China e reconheceram a posição dos cidadãos chineses de que existe apenas uma China e Taiwan faz parte da China”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, durante coletiva de imprensa regulamentar na quarta-feira (27).
Ele se referia a três comunicados conjuntos assinados por Pequim e Washington no final dos anos 1970 e início dos anos 1980 sobre a questão de Taiwan.
“O governo dos EUA não contestou essa posição. Se Taiwan faz parte da China, qual é o sentido de falar sobre o continente ‘invadindo’ Taiwan?” disse Wang.
“Temos este aviso severo para o lado dos EUA: a tendência histórica da reunificação da China não pode ser contida, e o princípio de uma só China é o que sustenta a paz e a estabilidade em todo o Estreito de Taiwan”, acrescentou Wang, alertando Washington para “não subestimar a forte determinação, determinação e capacidade dos 1,4 bilhão de chineses em defender a soberania nacional e a integridade territorial” ou correm o risco de trazer “custos insuportáveis para os próprios EUA”.
PROVOCAÇÃO
O comentário de Wang seguiu-se a uma ida do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, perante o comitê de relações exteriores do Senado, onde ele prometeu que Washington ajudaria Taiwan a aumentar suas capacidades de defesa assimétricas para impedir “um possível ataque” do continente.
Blinken disse que o atual governo está “determinado a garantir que [Taiwan] tenha todos os meios necessários para se defender contra qualquer agressão potencial, incluindo ação unilateral da China, para interromper o status quo que está em vigor há muitas décadas”.
A provocação feita por Blinken se segue ao terceiro acordo de fornecimento de armas norte-americanas a Taiwan desde que ele assumiu o cargo em janeiro do ano passado, agora de US$ 95 milhões. O que somado chega a quase US$1 bilhão, o que inclui sistemas Patriot.
“Lamentamos e nos opomos fortemente à posição de Blinken [em apoio a Taiwan]”, disse Wang, acrescentando que se os EUA renegarem os compromissos sob os três comunicados conjuntos, isso empurraria Taiwan para “águas perigosas” e pagaria um “custo insuportável”.
Foi para Taiwan que as forças do Kuomitang rumaram, sob proteção da frota norte-americana, em 1949, após a derrota diante dos comunistas e criação da República Popular da China. Por mais de uma década, sob a fachada de República da China (ROC), o regime do Kuomitang ocupou indevidamente a representação do povo chinês no Conselho de Segurança da ONU, até que isso mudou em 1971.
Quando a derrota no Vietnã se tornou inevitável, o governo Nixon se decidiu pela retomada de contatos com Pequim, o que levou em 1979 no governo de Jimmy Carter ao reconhecimento formal da RPC, aos três comunicados e ao corte dos laços formais com Taipei.
A China considera a reunificação de Taiwan à pátria chinesa o derradeiro passo para a superação do ‘século de humilhação’, imposto à China pelas potências imperialistas no século XIX, tem repetidamente trabalhado nessa direção e propõe que ocorra por via pacífica.
Mas já deixou muito claro que, caso o atual governo em Taipei, como vem alardeando, se lance ao aventureirismo da secessão, não hesitará em esmagar os colaboracionistas nem em confrontar os marioneteiros de Washington.
REPÚDIO À ‘OTAN GLOBAL’
Na coletiva de imprensa de quinta-feira (28), o porta-voz da diplomacia chinesa também abordou declaração da ministra de Relações Exteriores britânica, Liss Truss, em que ela exortou a uma “OTAN global” para se intrometer no “Indo-Pacífico” e armar Taiwan da maneira como o Reino Unido e seus aliados estão armando a Ucrânia.
“No mundo moderno, precisamos de ambos. Precisamos de uma OTAN global”, disse madame Truss. “E devemos garantir que democracias como Taiwan sejam capazes de se defender.”
“Vale a pena refletir sobre o impacto da expansão da OTAN para o leste na paz e estabilidade de longo prazo da Europa. A OTAN estragou a Europa. Está agora tentando bagunçar a Ásia-Pacífico e até o mundo?”, retrucou Wang.
Ele acrescentou que a OTAN se diz uma “organização defensiva, mas na verdade está constantemente criando confrontos e distúrbios” e tem travado guerras “desenfreadamente e lançado bombas em estados soberanos, matando e deslocando civis inocentes.”