Governo da Bolívia protestou contra o ocupante do Palácio do Planalto e disse que a oferta é “absolutamente impertinente” e uma “inapropriada ingerência em assuntos internos”
A oferta feita por Jair Bolsonaro para que o Brasil conceda asilo político para a ex-presidente golpista da Bolívia, Jeanine Añez, foi rechaçada pelo governo boliviano, que classificou como “absolutamente impertinente”, e rejeitada por Añez.
Em suas redes sociais, Añez disse que “não sairá do país”. Ela foi condenada a 10 anos de prisão por ter organizado um golpe contra o ex-presidente Evo Morales.
Bolsonaro, identificado com o golpismo de Jeanine Añez, falou que seu governo estava trabalhando para oferecer asilo político para ela.
O ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Rogelio Mayta, disse que a proposta é uma “inapropriada ingerência em assuntos internos”.
“Lamentamos as desafortunadas declarações do presidente do Brasil, que são absolutamente impertinentes, constituem uma inapropriada ingerência em assuntos internos, não respeitam as formas de relacionamento entre Estados e não coincidem com as relações de boa vizinhança e de respeito mútuo entre Brasil e Bolívia”, continuou.
Bolsonaro começou a falar de Añez depois da condenação dela pelo golpe que organizou e expressou medo da prisão também ser seu destino.
“A turma dela perdeu [as eleições], voltou a turma do Evo Morales. O que aconteceu um ano atrás? Ela foi presa preventivamente. E agora foram confirmados 10 anos de cadeia para ela. Qual a acusação? Atos antidemocráticos”.
“Alguém faz alguma correlação com Alexandre de Moraes e os inquéritos por atos antidemocráticos? Ou seja, é uma ameaça para mim quando deixar o governo?”, disse.
Ele se refere ao inquérito dos atos democráticos que está sob a responsabilidade do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e investiga o grupo criminoso que convoca e organiza as manifestações golpistas.
Bolsonaro participou da organização das manifestações e fez discursos golpistas para seus apoiadores.
Jair Bolsonaro já se preocupa com seu futuro porque as pesquisas indicam sua derrota. A última pesquisa Datafolha, divulgada no dia 23 de junho, mostra Lula com 19 pontos de vantagem no primeiro turno, tendo 47% das intenções de voto.