Requerimento aprovado é no âmbito da Comissão de Fiscalização Financeira. Não há ainda data definida para realização da audiência pública
A Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados, colegiado temático da Casa, aprovou na quarta-feira (29) requerimento convocando o ministro da Educação, Victor Godoy, para que ele preste esclarecimentos sobre as denúncias de corrupção e tráfico de influência no MEC que levaram à prisão do ex-ministro, Milton Ribeiro, na semana passada.
Como o pedido, do deputado Ivan Valente (PSol-SP), foi aprovado em forma de convocação, e não de convite, a ida de Godoy à Câmara dos Deputados é obrigatória.
A oposição conseguiu votar o requerimento de forma simbólica, num momento em que a base do governo, apesar de ter marcado presença na reunião, não estava presente. Ainda não há data para a realização da audiência pública.
“Entendemos a necessidade da convocação do ministro em cima do escândalo do MEC, da Operação Acesso Pago, que envolve diretamente o ministro da Educação, o anterior. O atual era secretário-executivo da pasta”, declarou Valente.
REQUERIMENTO DO PT
Na última terça-feira (28), a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara aprovou convite para o ministro da Justiça, Anderson Torres, explicar as acusações de interferência do governo na operação da Polícia Federal que investiga a atuação do “gabinete paralelo” no MEC durante a gestão do ex-ministro Milton Ribeiro.
O pedido foi feito pelo deputado Bohn Gass (PT-RS) e assinado pelo líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG).
OFENSIVA NO SENADO
A ofensiva da oposição também conta com o pedido de abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as irregularidades no MEC, protocolado quarta-feira (29) pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), é quem tem a prerrogativa de instalar a investigação.
O ex-ministro da Educação foi preso na semana passada, no âmbito das investigações sobre o chamado “gabinete paralelo” de pastores no MEC, que controlavam a distribuição de verbas a prefeituras, mas foi solto após o desembargador do TRF-1 (Tribunal Regional da 1ª Região), Ney Bello, cassar a prisão preventiva.
ROUBALHEIRA NO MEC
O escândalo levou à queda de Ribeiro do comando do MEC, em 28 de março. O esquema envolvia a compra de Bíblias em que apareciam fotos do ministro e até mesmo pedidos de pagamento de propina em ouro.
Grampeado pela PF, Ribeiro disse à filha que recebeu ligação do presidente Jair Bolsonaro (PL): “Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa”, afirmou.
O inquérito, que havia sido transferido para a Justiça Federal em Brasília depois que Ribeiro deixou o cargo em março e perdeu o foro privilegiado, foi enviado de volta ao STF (Supremo Tribunal Federal) diante das suspeitas de interferência de Bolsonaro.
M. V.