Empresários, executivos e economistas estão reafirmando seu compromisso com o sistema eleitoral e com o respeito às decisões democráticas no Brasil. Nesse sentido, articulam lançar novo manifesto sobre o tema.
A movimentação vem dias após novas agressões de Bolsonaro contra o processo eleitoral brasileiro, com ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em reunião com embaixadores.
O empresariado está preparando um documento relativo ao tema, segundo informações apuradas pelo jornal “Estadão”. Segundo fontes, o objetivo é ter um texto com “amplo apoio”, a ser assinado por economistas e por personalidades do setor produtivo. “A ideia é fazer um texto ponderado, mas com defesa firme ao sistema eleitoral e democrático”.
No ano passado, os empresários se manifestaram em prol do pleito brasileiro, por meio da carta com o título: “O Brasil terá eleições e seus resultados serão respeitados”.
Naquele manifesto, os empresários e demais personalidades do setor produtivo afirmam que “o princípio chave de uma democracia saudável é a realização de eleições e a aceitação de seus resultados por todos os envolvidos. A Justiça Eleitoral brasileira é uma das mais modernas e respeitadas do mundo. Confiamos nela e no atual sistema de votação eletrônico. A sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias”, diz o documento.
O documento, já assinado por mais de 250 personalidades do mundo empresarial, voltou à tona nesta semana nas redes sociais pelo presidente do grupo Natura & Co., Fábio Barbosa.
Barbosa declarou: “há cerca de um ano, estive muito envolvido nas discussões desde o princípio e fui uma das primeiras pessoas que assinaram o Manifesto – “Eleições serão respeitadas”. Agora que as eleições estão se aproximando, é ainda mais necessário reafirmar o nosso compromisso com a democracia no Brasil. Defender a democracia é papel de todo cidadão”, advertiu o executivo na sua página no LinkedIn.
Na sexta-feira (22), Fábio Barbosa também comentou que “é muito bom ver que vários movimentos da sociedade estão acontecendo, naturalmente, sempre em defesa da democracia e da credibilidade do processo de votação. Não vamos esmorecer”, disse Barbosa ao Estadão.
Outros executivos que assinaram o manifesto de 2021, como ex-presidente do banco Credit Suisse, José Olympio Pereira, e Walter Schalka, presidente da Suzano, também expressaram seu compromisso com o documento.
“A estabilidade institucional é um dos pilares que fazem do Brasil um destino atraente para o investimento estrangeiro. Colocá-la em risco é comprometer o nosso futuro como nação”, disse José Olympio Pereira.
Já Walter Schalka declarou que “a democracia é a base da nossa Constituição e é fundamental para construirmos uma sociedade mais justa para todos os (as) brasileiros (as)”, disse.
Além destes, o manifesto contou com assinaturas de nomes como Affonso Celso Pastore, Alexandre Schwarstsman, Ana Maria Diniz, Armínio Fraga, Roberto Setubal (Itaú Unibanco), Frederico Trajano (Magazine Luiza), Guilherme Leal (Natura), José Gallo (Renner), Candido Bracher (Itaú Unibanco) e Luis Stuhlberger (fundo Verde), entre outros.
No novo manifesto a ser lançado, a frente empresarial busca resgatar o apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que retirou sua assinatura de apoio do manifesto lançado no ano passado, após pressão da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), pois o conteúdo do documento não agradou a Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa – que recentemente deixou o cargo após denúncias de ataques sexuais contra funcionárias.
A gestão da Fiesp conta com novos integrantes. Na presidência da organização está agora Josué Gomes da Silva, e espera-se que, agora, a entidade assine o documento, já que o presidente anterior, Paulo Skaf, atuava na entidade para barrar qualquer manifestação de críticas ao governo.