Coligação de Freixo diz que governador utilizou a folha de pagamentos da Ceperj, em que mais de 25 mil pessoas foram contratadas de forma oculta em benefício da campanha eleitoral
O deputado federal e candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PSB, Marcelo Freixo, ajuizou uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contra o governador Cláudio Castro (PL) e seu candidato a vice, Washington Reis (MDB) pelo envolvimento no escândalo dos cargos secretos na Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro.
As acusações são de abuso de poder econômico, político e caixa dois. A coligação do pessebista diz que o governador utilizou a folha de pagamentos da Ceperj, em que milhares de pessoas teriam sido contratadas sem transparência durante a gestão Castro, em benefício da campanha eleitoral.
Desde julho, o MP está investigando a contratação de 27 mil pessoas feitas sem transparência pelo Ceperj. Foram gastos mais de R$ 248 milhões na contratação para programas do governo do estado como o Esporte Presente, Casa do Trabalhador e RJ para Todos.
“Muitos dos beneficiados com os recursos públicos da Ceperj destinam a totalidade ou parte dos valores sacados na boca do caixa para enriquecer e turbinar financeiramente as campanhas eleitorais de 2022 dos investigados e de seu grupo político às custas do erário”, diz a ação.
A ação acusa Castro por utilizar uma folha de pagamentos com funcionários fantasmas em benefício de sua campanha e de aliados. Caso o tribunal julgue procedente a ação de Freixo, Cláudio Castro e Reis poderão ter seus registros de candidatura cassados ou, eventualmente, terem seus diplomas cassados por violação à Lei das Eleições.
“Há ainda uma série de ‘fantasmas’ que confirmaram esquemas de rachadinha, devolvendo recursos da Ceperj para os políticos ou agentes públicos que os indicaram, para que possam ser usadas essas verbas públicas como caixa dois de campanha eleitoral de Cláudio Castro e de seus aliados”, diz a petição.
MINISTÉRIO PÚBLICO ENCONTRA PRESOS RECEBENDO DO CEPERJ
Entre as milhares de pessoas que recebiam salários via cargos secretos do Ceperj, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) identificou 259 pessoas que estão ou estiveram presas.
Castro nega irregularidades.
Além de presidiários, anteriormente foram detectados nomes de parentes de políticos, de funcionários públicos, de cabos eleitorais e até de mortos.
Na lista de presos ou ex-presos levantada pelo MP constam oito pessoas que, até maio, ainda cumpriam pena no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, e na Cadeia Pública de Benfica.
Entre eles, dois estão presos por tráfico de drogas, uma por sequestro e estelionato, e um por homicídio.
É a situação de Leandro Marques da Silva, que está no presídio Plácido Sá Carvalho, em Bangu. Ele foi preso em 2016 acusado de matar um homem em Japeri, na Baixada Fluminense.
Leandro recebeu R$ 5.805,00 do Ceperj entre maio e julho.
Também está na lista Vicente Cunha Vieira Mello, preso em fevereiro depois de ser acusado de sequestrar o filho de um traficante e exigir R$ 300 mil reais.
Atualmente, ele está detido no presídio Nelson Hungria, em Bangu. Oito dias antes de ser preso, Vicente recebeu R$ 2,3 mil do Ceperj.
Tem ainda Gilcélio Porto, preso em 2015 por tentativa de homicídio contra o então prefeito de Paraty, na Costa Verde, Carlos José Gama Miranda. O crime foi motivado por uma disputa de terrenos, e o prefeito levou um tiro de raspão na cabeça.
Entre maio e junho, Gilcélio – que cumpre pena em Bangu – recebeu quase R$ 5 mil do governo do estado. Já Luis Felipe Costa Rodrigues foi preso em abril por sequestro e estelionato, e ganhou a liberdade no dia 21 de maio. seis dias depois ele fez um saque no valor de R$ 2,3 mil.
ALIADO RONIE LESSA TAMBÉM RECEBEU DO CEPERJ
Essa semana, o jornal ‘O Globo’ revelou que também estava na lista do Ceperj Alexandre Motta de Souza, preso em 2019 por guardar fuzis para Ronnie Lessa, ex-PM acusado de matar a vereadora Marielle Franco.
Ele recebeu R$ 5.738,80, e ocupava um cargo de auxiliar operacional do programa RJ para Todos. Há duas semanas, o RJ2 mostrou que um homem que se identifica como pai do traficante Chico Bento também estava na lista do Ceperj.
Ele trabalha na coordenação do programa Cidade Integrada no Jacarezinho, área dominada pelo traficante.
Pra pagar a paridade de quem trabalhou ele se nega, pra roubar pagando presos que não trabalha tem, és um bom FDP.