A Polícia Federal realizou nesta sexta-feira (21) uma operação contra investigados por integrar uma quadrilha que fraudava o registro de CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador) para obtenção de armas e venda ilegal. No total, foram expedidos quatro mandados de prisão preventiva. Os criminosos usavam perfis em redes sociais para divulgar a venda e fazer conteúdos que incitavam o uso de armas.
Nesta operação, os agentes cumpriram ainda 37 mandados de busca e apreensão e 11 ordens de suspensão de atividades econômicas, atingindo clubes de tiros e lojas de armas em Pernambuco, Alagoas e São Paulo. Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Caruaru (PE), onde as investigações tiveram início no ano passado.
Em 2021, o trabalho de investigação apurou que um clube de tiro e uma loja de armas de um mesmo grupo ofereciam cursos, serviços de conserto, manutenção e customização de armas de fogo sem licença para atuar como armeiros. Para isso, eram usados documentos falsificados em nome de armeiros legalmente credenciados, mas que não tinham vínculo com a loja e o clube de tiro.
Em Maceió, capital alagoana, a operação ocorreu em uma loja de armas no bairro da Serraria, onde um computador e documentos foram apreendidos. Um funcionário da loja foi preso em cumprimento a um mandado de prisão expedido pela Justiça pernambucana. Segundo a PF, ele é ex-funcionário do clube de tiro investigado em Caruaru.
No cumprimento dos mandados, foi verificado que o esquema era operado através do registro de cidadãos, mediante declarações falsas de que seriam CACs, para possibilitar a compra e o porte de armas de fogo de maneira ilegal.
A Polícia Federal obteve o bloqueio de 14 páginas, perfis e canais de disseminação de conteúdo ilegal envolvendo armas na internet.
Os envolvidos vão responder pelos crimes de organização criminosa, uso de documento falso, porte ilegal de arma de fogo e comércio ilegal de arma de fogo. As penas podem chegar a 30 anos de prisão, além de multas.
Na semana passada, outra operação apreendeu um arsenal, incluindo quatro fuzis, com um suspeito que teria obtido as armas por meio de CACs laranjas. Em julho, foi preso um falso CAC que repassava armas para o Primeiro Comando da Capital (PCC);– maior organização criminosa do país com atuação em todo o território brasileiro, principalmente no estado de São Paulo.
As ações ocorrem em um contexto no qual o número de armas registradas nas mãos de caçadores, atiradores e colecionadores já passa da casa de 1 milhão, segundo levantamento dos Institutos Igarapé e Sou da Paz
Desde o início do governo Jair Bolsonaro, a quantidade de armas para esse grupo aumentou 287%. O número de CACs subiu 474%, passando de 117.467 em 2018 para 673.818 até julho deste ano. A categoria pode adquirir de revólveres a fuzil, com direito a 60 armas, sendo 30 de uso restrito. Para colecionadores não há limite. O país tem hoje mais de 2 mil clubes de tiro.