O governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, foi preso nesta quarta-feira (28) no âmbito da investigação do caso “Golpe de Estado I”, informou a Procuradoria-Geral da Bolívia, esclarecendo que o próprio detido tem pleno conhecimento das razões pelas quais está sendo processado.
No caso Golpe de Estado I é investigada a participação de Camacho nos “crimes de terrorismo e formação de quadrilha”, pelos quais também foi incriminada a ex-senadora Jeanine Áñez – alçada à presidência entre 2019 e 2020, após o sangrento golpe contra o governo constitucional de Evo Morales. Ela foi condenada em junho de 2022 a dez anos de prisão.
Camacho esteve ao lado de Áñez durante os breves meses em que o poder foi tomado de assalto por milícias fascistas e racistas em conluio com uma oligarquia subserviente ao capital transnacional, tendo invadido o Palácio Presidencial com Evo ainda no governo.
Devido à barbárie praticada, como nos massacres de Sacaba e Senkata – que deixaram oficialmente um saldo de 36 mortos – muitas ex-autoridades continuam sob investigação, inclusive o pai do governador Camacho.
Prontamente, a mídia subserviente à oligarquia boliviana e aos Estados Unidos passou a retumbar manchetes responsabilizando o presidente Luis Arce por “criar um clima de confrontação” ao “perseguir” e “sequestrar o principal líder da oposição boliviana”. A alegação foi prontamente desmentida pela Procuradoria-Geral, que esclareceu que, “ao contrário disso”, a decisão já havia sido proferida no mês de outubro e que Camacho tinha pleno conhecimento de que seria responsabilizado perante a lei e enviado à Justiça de La Paz.
“No âmbito do devido processo, as ações realizadas pela Polícia boliviana e pelo Ministério Público estão de acordo com o disposto no artigo 226 da Lei de 1970, respeitando em todos os momentos os direitos e garantias constitucionais dos sujeitos processados, bem como como as regras legais aplicáveis ao caso”, informou.
O neofascista é um dos principais investigados e responsabilizados porque em 2019 foi presidente do Comitê Pró-Santa Cruz, tendo liderado junto a acumpliciados os protestos que levaram à crise em novembro daquele ano.
O governador foi detido na cidade de Santa Cruz por um grupo de elite da Polícia e transferido em um helicóptero Superpuma para a cidade de El Alto de onde desceu para a Força Especial de Combate ao Crime (FELCC) em La Paz.
O ministro de Governo, Eduardo Del Castillo, negou que o acusado tenha sofrido qualquer ferimento durante sua detenção, como vinha sendo divulgado por setores da imprensa. “Desmentimos todas as informações sobre supostos ferimentos que teriam sido causados ao senhor Camacho”, postou o ministro, acrescentando uma fotografia em que o governador é observado durante um exame médico.