Líderes da Câmara e Senado entregaram ao presidente o Decreto Legislativo da intervenção em Brasília aprovado nas duas casas
Em encontro com parlamentares, nesta quarta-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o Decreto Legislativo que aprovou a intervenção no DF na Câmara e no Senado, ocasião em que o mandatário agradeceu o apoio e afirmou que “não gostaria de ter feito uma intervenção, e sim conversado”.
Aos deputados e senadores, entre eles, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente em exercício do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), Lula destacou que a aprovação da intervenção foi uma medida para “garantir que a democracia continue sendo o sistema de funcionamento da política brasileira, a respeitabilidade pelo direito dos outros”.
“Quero que vocês saibam que qualquer gesto que contrarie a democracia brasileira será punido dentro daquilo que a lei permite punir. Todo mundo terá direito de se defender, à prova da inocência, mas todo mundo será punido”, acrescentou o presidente.
“Já entraram na Justiça e a Justiça já disse qual foi o resultado eleitoral. (Ela) ainda indeferiu o processo e condenou o partido que entrou com o questionamento (das eleições) a pagar uma multa grandiosa, do fundo partidário. Mesmo assim tem gente que quando conta a primeira mentira não consegue mais parar de mentir, porque é preciso justificar a primeira mentira pelo resto da vida. E é o que está acontecendo nesse país”, prosseguiu Lula.
“Eu até não gostaria de pensar em golpe, eu gostaria de pensar em uma coisa menor, quem sabe, um grupo de pessoas alopradas que ainda não entenderam que a eleição acabou, que ainda não querem aceitar que a urna eletrônica é o modelo eleitoral mais perfeito que a gente tem em todos os países do mundo. Eu sei porque eu viajo muito e em todos os lugares que a gente conta como funciona o processo eleitoral aqui no Brasil, todo mundo fica com inveja de que a gente pode saber do resultado eleitoral apenas duas horas depois das eleições. E que em pouquíssimos momentos da história houve qualquer questionamento ao resultado eleitoral”, acrescentou Lula.
O presidente também fez críticas à postura de Bolsonaro que segue, dois meses depois, sem reconhecer a derrota nas urnas em outubro. Lula lamentou a conduta do ex-mandatário que, na noite de ontem (10), publicou em seu perfil no Facebook vídeo com novas informações falsas sobre o processo eleitoral brasileiro.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que o plenário do Legislativo demonstrou que “estava de pé, ouvindo e repudiando os atos que foram praticados de vandalismo e de ofensa às instituições e à democracia brasileira”. Ao entregar o decreto a Lula, Lira ressaltou que os atos de terrorismo exigirão uma “reflexão futura” para “nunca sair de nossas memórias o risco que o Brasil sofreu e superou”, discursou.
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) aproveitou para destacar o encontro desta quarta como uma união dos Três Poderes contra “o terror e o fascismo” no Brasil. Randolfe frisou que os “terroristas, estejam onde estiverem, ou sejam quem for” podem ter a “certeza que aqueles democratas do país, liderados pelo presidente Lula, reagirão para defender a Nação atacada e a democracia”, garantiu.
“Esse país tem espaço para todas as posições políticas, à direita, à esquerda, ao centro. Agora, este país não tem e não terá espaço para o fascismo e o terror. O fascismo e o terror só cabem na história em uma posição, a posição do combate e enfrentamento”, finalizou o senador.
Lula reforçou, ainda, que as investigações sobre os atos terroristas que depredaram as sedes dos Três Poderes, no último domingo (8), seguirão. O decreto de intervenção – que deve valer até o dia 31 – segundo Lula, mostra que é preciso “punir quem não respeita a lei”. As apurações, segundo ele, devem incluir as torres de transmissão em Rondônia e no Paraná, derrubadas há três dias. As empresas do setor afirmam que há “indícios” de vandalismo e sabotagem.
O presidente criticou a inação que tornou necessária a intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal. “As pessoas que estavam lá não estavam dispostas a sequer conversar, porque eles faziam parte daqueles que estavam praticando vandalismo no Brasil”, afirmou.
A declaração de Lula segue na mesma direção do que disse o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, nomeado interventor, que apontou quebra de confiança do governador afastado Ibaneis Rocha (MDB) e do agora ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres. Ex-ministro da pasta no governo de Jair Bolsonaro (PL), Torres também foi acusado de sabotagem.