No final desta semana foi dada a largada para o Carnaval 2023 e com muita alegria, pelas ruas de todo Brasil, blocos ecoam a vitória da Democracia, o fim da pandemia de covid-19 graças à vacinação massiva dos brasileiros e comemoram o fim do desgoverno Bolsonaro.
Na manhã deste sábado, os dois maiores blocos carnavalescos do país deram início ao período oficial do carnaval.
Em Recife, o Galo da Madrugada que celebra o seu 45º desfile tomou o centro histórico da capital pernambucana e leva uma multidão de foliões para as ruas. A expectativa é de ultrapassar a marca de 2 milhões de pessoas pulando ao som de frevo e de ritmos tradicionais no Carnaval Multicultural de Pernambuco.
O prefeito do Recife, João Campos, marcou presença no evento e celebrou a volta do carnaval e a grandiosidade do Galo da Madrugada. “Hoje o maior bloco do mundo tá de volta e com uma mensagem muito importante. Pela primeira vez temos um galo negro, ancestral. Mostrando que a gente não tolera ódio, preconceito. A gente celebra a diversidade e o encontro”, afirma o prefeito.
Na capital fluminense é o Cordão da Bola Preta que invade as ruas. Milhões de cariocas prometem um desfile regado à alegria neste retorno dos blocos à folia.
A CIÊNCIA VENCEU
O prefeito Eduardo Paes entregou, nesta sexta-feira (17), a chave da cidade ao Rei Momo, ato que marca o início oficial do Carnaval na capital carioca. Em 2023, a maior festa popular do país volta a acontecer no Rio de Janeiro em sua data tradicional. Em 2022, o evento foi realizado em abril por causa da pandemia de Covid-19.
“Ano passado, ainda sob os efeitos da pandemia de Covid-19, não pudemos celebrar como gostaríamos essa festa tão importante, que tem um espírito de humor e alegria. Esse é um momento dos mais sérios para quem exerce a honrosa função de prefeito da mais incrível de todas as cidades, que é o Rio de Janeiro. É com muita alegria, celebrando a vida e a democracia, que eu tenho a honra de passar a chave da cidade para o Rei Momo. Viva o Carnaval carioca”, exclamou o prefeito.
O Rei Momo, Djferson Mendes, não escondeu a alegria por receber a chave da cidade.
“Depois de dois anos de pandemia, esse Carnaval é histórico. É com muita honra que eu, Djeferson Mendes da Silva, o primeiro e único, na qualidade de maior parlamentar dessa festa, declaro oficialmente aberto o Carnaval da democracia na cidade do Rio de Janeiro”, afirmou o Rei Momo, ao lado da Rainha do Carnaval, Mariana Ribeiro, da primeira princesa, Monalisa de Carvalho; e da segunda princesa, Rhuanda Risso.
O prefeito Eduardo Paes lançou uma campanha com uma série de faixas e estandartes que celebram a democracia, que estão sendo distribuídos durante os desfiles dos blocos do carnaval de rua e as apresentações das escolas de samba na Marquês de Sapucaí e na Intendente Magalhães. A campanha foi criada como uma reação aos atos antidemocráticos de militantes bolsonaristas, que em 8 de janeiro, invadiram e depredaram a sede do Supremo Tribunal Federal, o Senado e o Palácio do Planalto, em Brasília. O material tem como slogan ”Carnaval da Democracia. Deu samba”.
‘Vamos nesse carnaval celebrar a nossa democracia. Vamos distribuir em todos os blocos e escolas de sama essas faixas e estandartes para que fique bem claro o quanto os cariocas prezam a democracia! Carnaval da democracia 2023”, escreveu Paes, em suas redes sociais.
VIVA A DEMOCRACIA VIVA ALDIR BLANC
Os blocos entraram na dança. Em desfile político, o Simpatia é Quase Amor passou neste sábado (11) pelas ruas de Ipanema entre gritos de “viva a democracia”, “viva a ciência” e o samba em homenagem ao compositor Aldir Blanc, que morreu em 2020.
Tatiana de Sá, uma das filhas de Blanc, cantava empolgada o samba que exaltou seu pai.
“É incrível. O samba está lindo e tenho certeza que meu pai está emocionado onde estiver. Essa homenagem aproxima ele da gente e, como diz um verso do samba: ‘deixa a tristeza pra lá'”, conta ela emocionada.
O nome do bloco, que fez seu primeiro desfile em 1985, é inspirado num personagem de uma crônica de Aldir Blanc. Sua criação esbarra na História do Brasil, que naquele momento saía de vinte anos de Ditadura Militar.
“Nunca pensei que teria que fazer uma ponte com o momento de nascimento do bloco pós-Ditadura. Mas foi preciso, e esse ano é de fato o Carnaval da democracia e do fortalecimento da vontade popular”, explica Tomaz Miranda, um dos sete compositores do samba-enredo e puxador do bloco.
O cantor e compositor Moacyr Luz, amigo de Aldir Blanc, esteve presente na homenagem e ressaltou a importância de manter viva a memória da cultura brasileira. “Vim no Simpatia pela primeira vez com o Aldir, e estar aqui quase 40 anos depois celebrando a obra, a vida e sua imagem é muito importante”, lembra o cantor.
Fundado em 1990, o Carmelitas, um dos mais tradicionais blocos de rua da cidade do Rio de Janeiro, realiza este ano o carnaval do renascimento, “depois de quatro anos de trevas e da pandemia”, disse o fundador e presidente do grupo, Alvanisio Damasceno. “A ideia é essa: carnaval de renascimento, de reconstrução”.
É Tempo de Alegria é o nome do samba do Carmelitas neste carnaval. Os autores são Cris Maza, Djalma Junior, Feife, Paulo Fraiz e Ricardo Mello. A letra reforça o renascimento e a reconstrução do Brasil.
É tempo de alegria,
tava tudo por um triz.
Como é bom te ver de novo
junto com meu povo de Santa Teresa.
Nos arcos da liberdade
entra em cena a esperança.
O trilho da felicidade
escancara a nossa diversidade.
Se orgulhe de ser quem quiser,
embarque no bonde do amor.
Carmelitas te abraça
seja onde for
Ah, mas todo dia
ele gastava nove mil na padaria.
Era leite condensado
ou a geleia da Shakira?
Tchutchuca do Centrão brochou
a democracia tá de pé
sem anistia, perdeu Mané!!!
Balança Curvelo
Bateria faz a bossa
O Brasil voltou
A bandeira é nossa.
SALVADOR CELEBRA A VIDA
Com o tema de volta pro futuro, Sangalo escancarou as portas da folia baiana nesta quinta-feira. A diva do axé subiu ao trio Pipoca se emocionou e emocionou o público após dois anos longe por causa da pandemia da Covid-19.
“A necessidade de olhar o outro e se divertir com o outro… A pandemia fez a gente ficar nessa solidão, nessa solitude e se acostumar um pouco com isso. A gente precisa se desacostumar e se reconectar”, declarou a cantora.
No pelourinho, na sexta-feira, durante o show do rapper Emicida, o público comemorou a derrota de Bolsonaro e a vitória de Lula nas eleições do ano passado, diversas vezes.
SÃO PAULO, TERRA DE CARNAVAL
Em São Paulo, a expectativa é da realização do maior carnaval da cidade. Segundo a Prefeitura, mais de 8 milhões de pessoas deverão participar das festividades do Rei Momo ao longo do carnaval.
Além dos blocos tradicionais, como Esfarrapado, Bloco do Ó, Confraria do Pasmado, entre outros, a capital recebe apresentações e shows de diversos artistas brasileiros.
O Bloco UMES Caras Pintadas voltou às ruas após dois anos e comemorou o seu 30º desfile. O bloco, organizado pela União Municipal dos Estudantes Secundaristas levou, ao som de Kaká Silva e da Companhia Paulista de Samba, os foliões para as ruas do Bixiga, bairro que é a casa do samba e dos estudantes paulistanos.
“Sentimento de muita alegria. Tanto pela derrota de Bolsonaro, da vitória da ciência e do retorno às ruas do nosso Bixiga”, resumiu o presidente da UMES, Lucca Gidra, durante o desfile realizado na terça-feira (14).
O desfile oficial do Acadêmicos do Baixo Augusta, um dos maiores da cidade foi realizado no dia 12. Seguindo seu já tradicional trajeto na Rua da Consolação e homenageando a cantora Gal Costa, morta em novembro de 2022. “Esse ano, nosso tema é ‘Atentos e Fortes’, pois estamos na luta a favor da ocupação das ruas, da democracia e da diversidade”, disse Wilson Simoninha, puxador oficial do bloco.
“Eu acho que o tema deste ano vai ser liberdade. Até pode ser liberdade e união, a gente tem que também talvez repensar se realmente podemos reunir o país de novo.. é um assunto espinhoso, afinal vivemos períodos muito difíceis, com a pandemia, agora em janeiro..”