“A manutenção das altas taxa de juros, da inflação e do endividamento das famílias agravados pela desaceleração do mercado de trabalho continuam refletindo no setor brasileiro do cimento”, diz o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento
O Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) divulgou o indicador de vendas do cimento do mês de março, que registrou uma queda de 1,2% nos primeiros três meses do ano, em relação ao mesmo período de 2022.
Em nota, o sindicato destaca que os principais indutores do consumo de cimento continuam desacelerando em virtude do aperto monetário, da menor renda da população e do endividamento das famílias, que ainda segue próximo a 50% no limite da série histórica. “Nesse sentido, as vendas de materiais de construção seguem em queda, assim como o número de lançamentos de unidades residenciais”.
As vendas do trimestre foram de 14,7 milhões de toneladas, sendo que 5,4 milhões ocorreram somente em março. No mês, houve um recuo nas vendas de 2,1% na comparação com março do ano passado.
Segundo a nota do Sindicato, na comparação por dia útil (melhor indicador que considera o número de dias trabalhados e que tem forte influência no consumo de cimento), as vendas do produto registraram em março 215,9 mil toneladas, uma queda de 2,3% em comparação a fevereiro e de -5,9% em relação a igual período de 2022. Assim, o resultado trimestral apresentou uma redução de 2,3% ante os três primeiros meses de 2022.
De acordo com o Sindicato, a reformulação dos programas habitacionais pode impulsionar os empreendimentos de baixa renda para os próximos anos. “O Minha Casa, Minha Vida abre novas oportunidades para a retomada dos investimentos habitacionais e de infraestrutura, beneficiando assim, toda cadeia produtiva da construção civil”, ressalta o SNIC.
“A reformulação do Minha Casa, Minha Vida aponta para um horizonte mais otimista em relação ao consumo de cimento no país. Se considerarmos uma unidade de 45 m², por exemplo, ela utiliza aproximadamente 4 toneladas do produto, utilizando blocos de concreto, o consumo é de 6 toneladas. Pojetando a expectativa do governo e a utilização do insumo nas unidades prometidas até 2026, a indústria cimenteira no Brasil projeta um aumento de 8 milhões de toneladas de cimento – se todas as construções forem de blocos de alvenaria – e de 12 milhões de toneladas, no caso da utilização de paredes de concreto”, afirmou Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC.
O Sindicato alerta que “apesar da sinalização positiva, é necessário cautela considerando o cenário ainda de alta incerteza econômica”.
“Os empresários ainda percebem dificuldades, enfrentando os problemas no escoamento dos estoques, fruto do nível baixo de atividade no momento”, diz a entidade, indicando que “a manutenção das altas taxa de juros, da inflação e do endividamento das famílias agravados pela desaceleração do mercado de trabalho continuam refletindo no setor brasileiro do cimento”.