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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) assinou, na última quarta-feira (12), em Pequim, um acordo de cooperação científica e tecnológica com a instituição chinesa CAS-TWAS Centro de Excelência para Doenças Infecciosas Emergentes.
O objetivo do acordo é realizar um trabalho conjunto para a prevenção e controle de pandemias, epidemias e doenças infecciosas – como zika, dengue e tuberculose – além do desenvolvimento de terapias, vacinas e remédios.
Entre a troca científica, a China sinalizou interesse na produção da vacina contra a febre amarela, tecnologia que a Fiocruz já domina. O acordo também prevê a criação do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisa e Prevenção de Doenças Infecciosas (IDRPC), com uma sede em Pequim e a outra no Rio de Janeiro, no Campus Manguinhos.
Segundo a Fiocruz, as conversas para assinar o acordo começaram antes de 2019, mas houve atraso por causa da pandemia e de questões políticas. O órgão atribui à mudança no governo federal a razão pela qual foi possível firmar a parceria agora e reaproximar os interesses de Brasil e China.
“Além da cooperação já em curso no campo da genômica, nós também queremos dar um caráter mais tecnológico a essa parceria e desenvolver produtos para a saúde. Também estamos considerando fazer editais conjuntos relacionados a projetos específicos e aumentar o fluxo de pesquisadores entre a China e o Brasil. E um dos pontos de destaque é a realização de um seminário até o último trimestre deste ano ou no primeiro trimestre do ano que vem, para que identifiquemos pontos de conexão e potenciais contratos”, disse o presidente da Fiocruz, Mario Moreira.
“A cooperação sino-brasileira em ciência e saúde alcança outro patamar com esse acordo. A pesquisa conjunta em doenças infecciosas nos laboratórios chineses e brasileiros, a troca permanente de experiências e conhecimentos, a qualificação ainda maior da vigilância epidemiológica ganham com o fortalecimento da nossa ciência e capacitam mais os países na preparação para novas emergências sanitárias, cada vez mais comuns”, destacou.
“Compartilhamos com a Academia Chinesa de Ciências (CAS) e a Academia Mundial de Ciências (TWAS) a visão dos bens de saúde como bens públicos, tais como vacinas, medicamentos e testes diagnósticos. O desenvolvimento e produção desses bens precisa se descentralizar e servir ao fortalecimento dos sistemas de saúde para diminuir a vulnerabilidade global. Vamos caminhar juntos nessa direção que fortalece a posição internacional da Fiocruz”, pontuou Mario Moreira.
Shi Yi, diretor-executivo do CAS-TWAS, destacou a importância da cooperação entre China e Brasil para o fortalecimento da saúde pública.
Tanto a sede em Pequim como a no Rio de Janeiro terão pesquisadores dos dois países. Além da troca de conhecimentos e tecnologias, estão previstos projetos conjuntos, como o desenvolvimento de novas vacinas, anticorpos terapêuticos e medicamentos para doenças infecciosas agudas e crônicas, além de colaborações em medicina tropical. Em Pequim, o centro funcionará no Instituto de Microbiologia. No Brasil, ficará no prédio do CDTS (Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde), ainda em construção, com previsão de entrega no fim de 2024.
“Pela primeira vez vamos estabelecer dois centros físicos, que serão usados por pesquisadores brasileiros e chineses. Estamos transformando eventos que eram de curta duração, como as visitas de pesquisadores, em atividades permanentes. A ideia é ter aqui cientistas chineses por longos períodos, um mês, um ano, dois anos”, disse Carlos Morel, coordenador do CDTS.