A Rússia instou Washington a abandonar as medidas que prejudicam a estabilidade estratégica, em relação ao planejamento nuclear realizado em conjunto pelos EUA e Coreia do Sul, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova.
“Prestamos atenção aos relatos de um acordo entre os EUA e a Coreia do Sul sobre o planejamento conjunto para o uso de armas nucleares. Esse desenvolvimento dos eventos tem um caráter claramente desestabilizador e terá sérias implicações negativas para a segurança regional, com uma projeção na estabilidade global”, disse Zakharova.
O comunicado russo é em resposta à “Declaração de Washington” emitida na quarta-feira (26) na visita do presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, a Joe Biden na Casa Branca, em que foi anunciada a volta de submarinos norte-americanos armados nuclearmente aos portos sul-coreanos, o que não acontecia há quatro décadas, e a criação de uma instância conjunta de planejamento de uso de meios nucleares, além de novas ameaças a Pyongyang.
O Ministério das Relações Exteriores comparou as ações dos EUA e de seus aliados na Ásia com as das forças da Otan, acrescentando que o desenvolvimento de tais planos não levará a um resultado positivo.
“Apelamos aos EUA e seus aliados, que, na busca de uma superioridade militar definitiva, estão implementando toda uma gama de programas militares que prejudicam a estabilidade estratégica global, que parem de agitar a situação e abandonem as medidas que levam ao enfraquecimento do nível geral de segurança de todos os Estados”, enfatizou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
“POLÍTICA HOSTIL E EXTREMA DO SENIL BIDEN”, DIZ KIM YO JONG
Também a Coreia Popular reagiu à Declaração EUA-Seul, com Kim Yo Jong, irmã do líder Kim Jong Un, classificando-a como um “produto típico de sua política anti-norte-coreana extrema e hostil” e que coloca a paz mundial em risco. Kim é integrante do órgão máximo de decisões do governo de Pyongyang desde setembro de 2021.
Sobre a ameaça de Biden de aniquilar a Coreia Popular, Kim a chamou de uma “observação sem sentido de uma pessoa senil”, que não é capaz de “assumir a responsabilidade pela segurança e pelo futuro dos EUA”, para quem “é demais cumprir os dois anos restantes de seu mandato”.
Ela acrescentou que “a formação de um ‘Grupo Consultivo Nuclear’, a implantação regular e contínua de ativos estratégicos nucleares dos EUA e os frequentes exercícios militares” de Washington e Seul criaram um “ambiente no qual somos obrigados a tomar ações mais decisivas”. Kim também rotulou o coadjuvante de Biden, Yoon, de “tolo”.
Sob Biden, Washington passou a implementar uma política ainda mais agressiva contra a Coreia Popular, pior até do que a em vigor sob Trump, retomou as provocações diretas via exercícios militares conjuntos EUA-Seul e manteve intocadas as draconianas sanções usadas para afligir a população civil.
Com sua tradicional política de responder à força com força e ao diálogo com diálogo, Pyongyang realizou um número sem precedentes de lançamentos de mísseis nos últimos meses, em resposta aos contínuos exercícios militares dos EUA e Seul na península coreana, denunciados pelo Norte como ensaios para uma invasão.
TOLO YOON CAUSA INDIGNAÇÃO EM SEUL
Como registrou o New York Times, após a “calorosa” recepção nos EUA, na volta a Seul Yoon se viu diante de um quadro de “polarização” por ter “alinhado seu país mais estreitamente com Washington e Tóquio”. A afirmação do presidente sul-coreano ao Washington Post de que não pretende pedir ao Japão que se desculpe por seus crimes de guerra imperiais causou intensa indignação em geral e protestos no parlamento, cuja maioria é oposicionista.
Yoon disse na entrevista publicada na segunda-feira que “não pode aceitar a ideia” de que o Japão deva ser forçado a se ajoelhar “por causa do que aconteceu há 100 anos”.
Assim, a pretexto de que a situação de segurança da Coréia é extremamente perigosa, ele alinhou-se perigosamente à política de Washington de conformar uma Otan do Pacifico com a participação do Japão e ignorou os interesses de Seul de não embarcar no cerco à China fomentado por Wasington.
“A Europa passou por várias guerras nos últimos 100 anos e, apesar disso, os países em guerra encontraram maneiras de cooperar para o futuro”, tentou se justificar Yoon, dizendo ter feito “[seu] melhor” para persuadir o público sul-coreano de sua opinião.
Na verdade – observou o jornal sul coreano Hankyoreh -, o presidente Yoon “está torcendo o braço do público coreano, e tudo em benefício do Japão”.
Observa ainda a publicação que “enquanto os agressores nessas guerras europeias pagaram reparações e pediram desculpas às vítimas, o Japão não reconheceu nem se desculpou pelos crimes contra a humanidade durante a era colonial, incluindo seu sistema de “mulheres de conforto” de escravidão sexual militar e a mobilização compulsória de coreanos para trabalhos forçados.