Com apenas uma etapa na Corte Britânica para decidir a extradição para os Estados Unidos de Julian Assange, editor do Wikileaks, foi iniciada uma campanha em Washington para pedir sua libertação imediata e convocar os norte-americanos para se somar à campanha #FreeAssange e sensibilizar congressistas
Por iniciativa da organização Repórteres sem Fronteiras (RSF), um caminhão com o chamado ‘Junte-se à Convocação #FreeAssange’ iniciou a campanha que terá a duração de uma semana circulando pela capital dos Estados Unidos, no dia 17 de julho. Com paradas diante da Casa Branca, no Departamento de Justiça, no Departamento de Estado, no Capitólio e nas Embaixadas da Austrália e do Reino Unido, o caminhão transmite mensagens sobre o perigo para o jornalismo e para o direito do público à informação que o indiciamento e a extradição de Assange representam.
Se extraditado para os Estados Unidos, o jornalista pode pegar até 175 anos de prisão em solitária.
O veículo também deve exibir um trecho do vídeo “Assassinato Colateral”, tornado público pelo WikiLeaks, mostrando o ataque ar-terra de um helicóptero militar Apache dos EUA em um subúrbio de Bagdá, no Iraque, que matou pelo menos uma dúzia de civis, incluindo dois jornalistas da Reuters. “Este vídeo lembrará a Washington que Julian Assange está sendo processado por publicar informações críticas de interesse público, que alimentaram o jornalismo em todo o mundo”, afirmou o RSF.
“Como a possibilidade da extradição de Julian Assange se aproxima, estamos soando o alarme. Embora esteja na mira há 12 anos, seu destino não está selado. Os formuladores de políticas norte-americanos ainda têm o poder e a oportunidade de se destacar nesse assunto e defender a proteção do jornalismo e da liberdade de imprensa”.
“Nosso apelo ao governo Biden é mais urgente do que nunca: retirem todas as acusações, encerrem o caso e libertem Assange!”, assinalou Rebecca Vincent, Diretora de Campanhas DA RSF.
CENTENAS DE MILHARES DE DOCUMENTOS REVELAM CRIMES DOS EUA
Julian Assange ganhou notoriedade mundial a partir de 2010, quando o WikiLeaks publicou centenas de milhares de mensagens enviadas por entidades e personalidades governamentais dos EUA.
Em novembro daquele ano, o WikiLeaks divulgou, com a ajuda de cinco jornais internacionais (The New York Times, The Guardian, Der Spiegel, Le Monde e El País), mais de 250 mil documentos secretos que revelavam crimes cometidos pelo governo americano, no episódio que depois foi batizado de “cablegate”.
Pouco a pouco, as revelações se tornaram cada vez mais graves, e quando ele publicou um vídeo em que soldados americanos invasores aparecem cometendo abusos de todos os tipos no Iraque ele passou a ser perseguido pelo governo dos EUA e da Inglaterra.
“Ele seria o primeiro editor a ser processado com base na Lei de Espionagem, que não prevê a defesa do interesse público. Isso estabeleceria um precedente perigoso que poderia ser aplicado a qualquer jornalista ou editor, ou qualquer fonte em qualquer lugar do mundo, e teria um impacto assustador no jornalismo de interesse público”, conclui o RSF.