Lula reuniu aliados da base para happy hour no Palácio da Alvorada, nesta terça, repetindo o que foi feito com deputados federais e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), duas semanas atrás
Em reunião com o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e senadores da base aliada, na noite da terça-feira (5), Lula afirmou que é contra o fim da reeleição.
E que mandato único de 5 anos, como preveem propostas em tramitação no Congresso, é pouco tempo para governar. Sobretudo, num País como o Brasil cheio de problemas complexos, estruturais e seculares.
Segundo o relato de pessoas presentes na reunião, o presidente ponderou que o prazo é pequeno, por exemplo, para que o chefe do Executivo consiga cumprir plano de governo ou entregar grandes obras para a população e o País.
PRIORIDADES DO SENADO
O fim da reeleição para presidente, governadores e prefeitos é uma das prioridades do Senado neste ano e conta com o apoio de figuras importantes da Casa, como o próprio líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA).
De qualquer forma, as propostas não atingiriam Lula, que poderia disputar a reeleição em 2026. Mas isso pode ser alterado tanto no Senado quanto na Câmara, Casa que a direita e extrema-direita têm ampla maioria.
Lula reuniu aliados da base para happy hour no Palácio da Alvorada, nesta terça, repetindo o que foi feito com deputados federais e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), duas semanas atrás.
PROSELITISMO DE PACHECO
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aproveitou o encontro para afirmar que há temas em que ele e o presidente vão convergir e outros nos quais irão divergir.
Embora Pacheco não tenha citado o discurso em que cobrou retratação pública de Lula pela comparação da ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza com a barbárie nazista, a fala foi vista pelos presentes como espécie de justificativa do presidente do Senado ao petista.
Pessoas que participaram do encontro afirmam que Lula agradeceu aos senadores pela aprovação de pautas importantes para o governo no ano passado e disse estar otimista e confiante com o futuro do País.
MAIS DIÁLOGO
Apesar do clima de descontração, senadores cobraram maior diálogo com o Palácio do Planalto, especialmente com o presidente. Houve ainda críticas à comunicação do governo.
De acordo com presentes, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) elogiou o desempenho da economia, mas disse que, do ponto de vista político, o governo precisa melhorar as redes sociais e que a esquerda tem perdido o domínio da chamada narrativa na internet.
PRIMEIRO ENCONTRO COM SENADORES
O presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) — candidato à presidência da Casa na disputa do ano que vem —, ressaltou que este foi o primeiro encontro de Lula com senadores no Palácio da Alvorada.
A observação sobre as dificuldades de comunicação com o Palácio do Planalto foi outro problema reforçado pelo líder do PSD, Otto Alencar (BA). A reclamação, disse ele no encontro, é partilhada por muitos parlamentares da bancada do partido no Senado.
Na mesma linha, o senador Omar Aziz (PSD-AM) afirmou que a maioria dos ministros tem ido bem, mas, sem citar nomes, ponderou que alguns demonstram dificuldades no diálogo com o Congresso.
O encontro contou com a participação dos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Comunicação). Coube a Jaques Wagner fazer o discurso de agradecimento aos colegas.
ENCONTROS INFORMAIS MAIS FREQUENTES
Assim como disse a Lira e aos líderes da Câmara há duas semanas, Lula afirmou que pretende fazer encontros informais como o de terça-feira mais vezes e que está à disposição dos parlamentares.
Na chegada à reunião, Padilha afirmou que governo e Congresso fizeram “dobradinha, uma dupla de sucesso” no ano passado, e que o espírito da reunião era para agradecer aos parlamentares. O ministro disse que sempre surgem novas demandas, “o que é absolutamente normal”, acrescentou.
“A relação com o Senado é a melhor possível. O presidente do Senado esteve várias vezes com o presidente Lula. Esse encontro vai demonstrar mais uma vez a relação estreita, muito positiva do governo federal com o Senado. Como é também com a Câmara”, disse Padilha.
“A outra coisa são demandas, isso é absolutamente normal. Têm demandas, pleitos. Você garante pleitos, demandas, sempre surgem novas. Os senadores têm um papel muito importante porque têm a visão dos Estados como um todo”, completou.
M. V.